No Dos Outros É...

Ele era gente das antigas, respeitava a todos, um gentleman que torcia o chapéu para a falta de boas maneiras dos seus, dos outros e de todo aquele que via por aí, exercendo a falta de educação e solidariedade.

Ficava triste por ser um dos únicos que dava o lugar no ônibus as donzelas, se deprimia ao ver o quanto os outros homens cuspiam no chão e cultivavam comportamentos que nem animal costumava praticar.

Geralmente, tentava corrigir o que via : ao ver pessoas jogando lixo no chão, as abordava explicando sobre os malefícios das enchentes causadas por bueiros entupidos; entregava fones de ouvido aos meninos funkeiros que ouviam música alta nos ônibus e trens; educava motoristas sobre dar passagem aos pedestres; porém, quanto mais ele tentava consertar o que via, mais aparecia o que deveria ser concertado.

Um dia, talvez por descuido ou quem sabe por rebeldia, deixou cair um pedaço de papel no chão, e mesmo notando o ocorrido, seguiu viagem; o que foi parado por um senhor, tão educado quanto ele, que lhe avisou sobre os malefícios do lixo jogado na rua. Ao notar que outro lhe dizia o que fazer, uma fúria sem igual tomou conta do seu ser e ele pegou um pedaço de madeira que estava jogado no chão, ao lado de um saco de lixo, e acertou na cabeça do homem que lhe apontara o deslize ocorrido.

Ninguém sabe ao certo o que ocorreu, alguns contam que aquele senhor aparentemente do " bem " enlouqueceu e matou um outro senhor que apenas tentara lhe dizer que lixo no chão provoca tragédias. Outros contam que os dois já tinham desavenças antigas. Só o que sabe é que ninguém mais derruba lixo no chão naquela região, afinal, tem cada louco por aí...vai quê...