Novo planeta Kepler
Tudo indica que a rota é longa, mas há um novo mundo. A descoberta equivale ao achado de Colombo e leva o nome de Kepler. Chegando lá encontraremos homens semelhantes aos nossos de perfil notável. Verdadeiramente “sapiens”. Vivem sem exploração uns dos outros. Ninguém é escravo. Não há criminalidade, nem ciúme, nem aluguel. Trabalham porque é bom trabalhar e ninguém fica sem atendimento médico. Jamais alguém sofreria dor de dente por falta de dinheiro. O dinheiro é a moeda considerada “riqueza de bem comum” sobre o total da riqueza distribuída. Gozam de descanso observando a terra pela televisão deles. Compreenderam que a pobreza individual de um homem é uma catástrofe global e que todo o lucro oriundo da miséria é famigerada estupidez.
Fumam maconha, planta originária de Kepler, desde cedo. Nunca cometeram nenhuma imprudência, exceto a de darem gargalhadas do mundo espartano em que vivemos. Mundo cheio de contradições, pois seu único divertimento é olhar para a nossa geografia terraqueana.
- Vejam que histeria! Como lidam sem respeito com as drogas! Tendo a mesma indecência do dinheiro para poucos produzindo riqueza para poucos. Pelo menos as drogas trazem o consolo da produção de ilusões para muitos. O direito as ilusões proibidas para eles lhes causam um grande enojo. É a luta do capital instituído contra as ilusões eternas da terra. Pobres diabos!
Em Kepler fumar maconha, beber e fazer sexo é a idealidade não corrompida por nenhum credo artístico confeitado pela imaginação para dominação dos demais. Como fumam maconha sabem que as ilusões podem virar exércitos. O que sempre foi na terra uma desgraça ocultada pela informação aos demais.
Nas escolas de Kepler desde o início recebem aulas de “diplomacia” e “psicanálise”, pois uniram as duas pastas à educação. Todos recebem altas somas para estudar o que é um êxito festejado. Um professor em Kepler é festejado como um jogador de futebol analfabeto da terra. Os Keplerianos são enxadristas, pois o xadrez dizem aportou de lugar ainda mais remoto, não disponível aos seus conhecimentos.
Os atletas são ridicularizados em seus esforços contínuos de massacre ao próprio corpo. Em nome da massa vazia e gritante... São ridicularizados, pois nada mais infantil do que se sentir o campeão, sozinho em alguma coisa. Todos são treinados para atingir o conhecimento como instrumento de viagem ao infinito, além da resolução de problemas com o único fito de alcançarem coletivamente o prazer e a paz. São amantes da liberdade em todos os segmentos e ninguém escraviza ninguém. O único medo real que possuem é levaram para lá os homens daqui.
Os maiores erros dos terráqueos dizem, é empestar tudo com seu "lixo" produzido pela "riqueza" maquiada pela propaganda cujo único destino é vender a alma de todos. Em Kepler o que todos procuram é a face esculpida do poder mágico da poética adorável dos sentidos. Na terra, dizem, o incrível é que todos estão preparados para a escravidão dos discursos. Convencidos de que há algo de sublime nisto. Deviam lutar contra as tiranias místicas e se tornarem pós-tradicionalistas de uma vez por todas...