Carta ao papai Noel

Ao querido papai Noel

Em São Paulo, no ano da graça de N.S.Jesus Cristo de 2.011, no mês da Natividade.

Querido Papai Noel

Antes de te pedir qualquer coisa, venho através desta te mostrar como anda a vida neste meu pedaço de chão, onde sobrevivo. O Menino, que é o Dono da festa, tem visto estas coisas e se você perguntar a ele, pode ser que te responda por que há tanto horror abaixo dos céus e se tu vires que a gente precisa de ajuda, então pede por nós. Vai ser um grande presente que poderá nos trazer Dele.

Aqui, as lojas estão cheias de papais e mamães comprando presentes, gente com muito recurso, que compra presentes que dariam para alimentar uma pequena família necessitada por um bom período de tempo.

Também tem meninas e meninos lindos, de pé no chão, olhando as vitrines, com seus brilhantes olhos arregalados, desejosos de um agrado neste Natal do Senhor. Quando o farol fecha eles vão, como palhacinhos, fazer malabarismos na faixa de pedestres, esperando a humilhante doação de algumas moedas, um pacote de bolachas ou outro agrado que da mão dos motoristas possa chegar.

Também nos hospitais públicos elas estão. Algumas já com o anjo da morte na cabeceira de suas camas, outras irremediavelmente condenadas a viver neste mundo com os resultados de maus tratos, desnutrição, doenças não cuidadas em tempo de não gerarem seqüelas, horrores de porões de navios fantasmas...

Tem meninas que já são mamães que ficam olhando as vitrines ou, pedindo aos que passam, a misericórdia dos homens, repito, meninas já mamães, com esquálidas crianças em roupas rotas entre seus bracinhos adolescentes. Tem muito mais. Tem. Isto pode ir muito longe, tudo não passa de reflexos da atitude adulta que gera a força no pasto do anjo rebelde que grassa nos campos da minha terra...

Portanto, papai Noel, Não seja o “Nikolaus” o papai bravo que passa pito nas crianças. Seja “Santa Claus” que é bonzinho e pode falar com o menino Jesus por nós. E peça a ele a igualdade entre todos os homens de boa vontade, peça a Ele que aqueça o coração de nossos pais e de nossos governantes e olhem por esta gente sofrida, de pais que perdem filhos e de filhos que perdem pais, mas que mesmo assim não perdem a fé e crêem no artesão do universo, Pai amoroso que nos oferece refúgio quando se torna insuportável o nosso vale de lágrimas...

Paulo de Tarso
Enviado por Paulo de Tarso em 09/12/2011
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