A CÓLERA DOS JORNALEIROS

Makinleymenino

Dez 2011

Se os países defendem seus territórios com afrontas de iminentes guerras, retaliações econômicas e embargos, a nossa própria natureza faz isso muito bem, dividindo os espaços e territórios com tamanho acinte que numa pequena invasão os animais acatam com a hostilidade de um vulcão em erupção prontos para derramarem sua cólera até a expulsão do invasor ou sua ausência de vida.

A diferença entre estes animais que dizemos irracionais e os homens, é que os da natureza fazem do seu instinto sua segurança e sobrevivência, enquanto nós os seres racionais deixamos prevalecer os interesses financeiros e políticos. Na hora de fazerem guerra, incitam suas populações com fatos distorcidos obrigando-os a irem ao campo de batalha deixando na saudade sua maior herança, os pais... Os filhos.

Fatos a parte, a história que convém é da instituição que abrigava menores carentes que percorriam as ruas do meu bairro uniformizados como um exército, como distribuíam jornais passaram a ser conhecidos como os jornaleiros. Próximo a instituição tínhamos um hipermercado que passou a ser a diversão da garotada. Sendo muito perto do parque municipal era comum irmos brincar no parque e depois completar o lazer nos arredores e dentro do hipermercado. Meu lazer favorito era montar no carrinho de compras e manobrá-lo freando pelas rodinhas efetuando curvas radicais e descendo a ladeira do estacionamento.

Este batido era maravilhoso até o dia que trombei com um desses jornaleiros dentro do hipermercado e não me senti fora do ninho, esbravejando meus direitos naquele lugar, e de um iminente confronto fui salvo por meu magno irmão que avassaladoramente me socorreu. Mas, logo vi uma chuva mansa virar uma tempestade incontrolável vendo como nuvem eles, os jornaleiros com seus uniformes azuis. Reuniram-se em número acima de cinqüenta na porta do hipermercado pra medirem forças com dois garotos em tremenda desvantagem, sendo necessária a intervenção da segurança local para nos proteger.

Assim, pude ver o fel e a cólera nos olhos deste exército de jornaleiros que compraram um simples atrito de meninos por espaço e território em um conturbado conflito com sede de sangue e vingança. Semelhante aos assuntos dos homens no que se refere ao poder político e financeiro. Como sempre, os mais fracos e sem poder nenhum quando não querem lutar ou dar a vida, acabam saindo pela portas dos fundos correndo desvairados como cães vira-latas.

Alexandre Tiberio
Enviado por Alexandre Tiberio em 08/12/2011
Reeditado em 05/04/2012
Código do texto: T3378431
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