Dia,semana,mês e ano de azar

Ele entrou em casa, abraçou o gato e o acariciou. Seus filhos se entreolharam. Não era de seu feitio demonstrar afeto pelo gato Godofredo.

Hesitante, sua filha perguntou-lhe:

– Tudo bem, pai?

Ele soltou o gato e foi para o quarto, sem dizer nada.

No almoço, ele ainda estava estranho. Foi a vez da esposa perguntar:

– Aconteceu alguma coisa? Você parece abatido.

Ele respondeu, baixo:

– Nada não.

A esposa, não convencida, insistiu:

– Eu sei que aconteceu alguma coisa. Conte logo!

Melancólico, o marido confessou:

– Fui despedido.

Todos os olhos estavam colados nele. O filho indagou:

– Por quê?

– Dizem que não precisam mais de mim na firma. Querem pessoas mais jovens.

Voltaram a comer e ninguém mais tocou no assunto.

O pior aconteceu 4 semanas depois: sua mulher pediu o divórcio. Ele perguntou se era por causa do emprego e ela negou, dizendo que já pensava na separação havia muito tempo.

Nos meses posteriores à saída do divórcio, ele descobriu que sua ex-mulher estava de casamento marcado com seu melhor amigo. E pensou no óbvio: "Claro que a desgraçada me traía."

Ainda teve que lutar pela guarda dos filhos. O juiz deu à sua ex-esposa, porque ela tinha mais recursos e responsabilidade. Ficou com muito mais raiva quando soube que ela moraria em outra cidade, levando as crianças para longe dele.

Dias mais tardes, ele estava sentado nos sofá de sua casa, pensando em como ela era alegre, quando escutou o miado do gato. O pegou no colo e falou:

– É Godofredo. Só restou nós dois.

Em seguida, o gato morreu, atropelado na rua.

Elaine Rocha
Enviado por Elaine Rocha em 07/12/2011
Reeditado em 30/06/2012
Código do texto: T3376803
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