I - Onde ?
Era primeira vez que a encontrava naquele apartamento. De corriqueiro, só o estilo despachado da anfitriã, que comentava :
- Ah , eu tenho um péssimo senso de direção ! De carro, no centro da cidade então.. me perco fácil, fácil...
Ele ouvia a colega e pensava em sua própria dificuldade – também era de se perder fácil por ai ? .
O celular da moça tocou. Certo de que ela se estenderia em mais uma conversa generosa, decidiu descer ao pátio do prédio. Acabando de sair, mal tinha chegado ao elevador, de repente:
- Nossa !
Virou-se e, a sua frente, apresentavam-se duas portas de apartamento idênticas, uma identificada pelo número 51 a outra 52, por uma delas tinha saido. Desceu as escadas, indeciso.
Lá em baixo, os blocos entregues aos alfabetos, A, B, C, etc...pareciam todos iguais; os carros estacionados em fila, guardadas pequenas diferenças, iguais. Era certo que sabia onde se encontrava, lógico : próximo a avenida politécnica, zona Oeste, capital, São Paulo, mas desse ultimo nome, São Paulo, soçobravam letras: Sss..aaa...ooo ..Ppp...aaa..u...lll...ooo.
- É fácil me localizar. Quando cheguei, a minha frente, havia quatro portas, naturalmente duas impares, duas pares.
Descartou os números 53 e 54 com hesitação. Parecia razoável considerar que as duas últimas avistadas quando na porta do elevador, 51 e 52, guardassem os cinquenta por certo de chance de acerto no retorno. Mas o que garantia que não tivesse, em sua chegada, dobrado a extrema esquerda, onde se localizavam aqueles outros?
Estava caminhando pela área de lazer do prédio pensativo, quando decidiu voltar ao apartamento – quem sabe ela já tivesse largado o telefone - Teria voltado sim, não fosse perceber, pasmo...Já não lembrava de qual bloco tinha saído ! A, B, C, D ... ?.
Levantou a cabeça avistando o pico dos prédios que assomavam igualmente esquecidos. Sem encontrar um bom motivo para voltar, foi embora.
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