Escrevendo

Como não sou escritor profissional, e por isso, não tenho o costume de escrever todos os dias e nem a obrigação de fazê-lo. Todavia, gostaria muito de ter a disciplina de escrever todos os dias. Mesmo que não seja nada de especial. Lamentavelmente não consigo. Não por falta de tempo. Tenho muito tempo ocioso. Eu trabalho na casa que eu moro. Não tenho contratempos com trânsito, conduções, ou coisas do tipo. Fico muitas horas esperando as pessoas chegarem ao meu estabelecimento, para poder trabalhar. Algumas ocasiões, eu fico o dia inteiro fazendo absolutamente nada, ou melhor, nada relativo aos procedimentos da minha profissão. Nessas horas eu poderia escrever. Mas, não escrevo. Eu leio, estudo, entro nos sites que posto meus textos, vejo filmes, e agora, minha diversão favorita é o facebook. Passo muitas horas ali, visitando perfis de amigos, de conhecidos, e até de desconhecidos. Uma verdadeira xeretagem virtual. São realmente muito loucos os dias de hoje. Nele encontrei, virtualmente, pessoas que fazia vinte cinco anos que eu não mantinha contato algum. Amigos de outra cidade que morei quando era adolescente. Sei que isso não é mérito do face, putz, viu só como já estou íntimo, e intimidade é foda, todo mundo sabe disso, ela estraga com tudo. Bom, voltando, existia, quer dizer, existe ainda, o Orkut, e foi ele quem começou com essa estória de grupos, e foi nele que começou a febre de encontrar e conversar com pessoas que não se tinha notícia há muito tempo. Entretanto, eu relutava bravamente em me engajar nessa turma das redes sociais. E com o facebook não foi diferente. Até que um belo dia, numa tarde modorrenta, sem clientes para atender, resolvi fazer meu perfil. E aí fudeu! Entro e saio várias vezes durante o dia, é realmente impressionante esse facebook. Então resolvi, ao menos, postar alguns contos que eu escrevo, através de links, em meu perfil. O resultado não foi o esperado. Achei que viraria o escritor mais conhecido do universo “facebuquiano”. Ledo engano, pouquíssimas pessoas acessaram os links, mas não desisti e continuo insistindo com os textos. E era nesse ponto que eu queria chegar. Eu que não sou escritor profissional, sou apenas um leitor contumaz e um entusiasta da escrita, passo por crises de falta de ideias, falta de imaginação, o conhecido “branco”. Além disso, fico muito ansioso para saber o que acharam do conto que escrevi, se gostaram, se não gostaram, se está bem escrito. Por isso eu fico imaginando o que passa um escritor profissional. A pressão de escrever todos os dias, mesmo naqueles dias de nenhuma inspiração. Os prazos encerrando. Os editores pegando no pé. E eles com os olhos passeando do monitor para as teclas, das teclas para o monitor. E, nada. Nenhuma frase. Nem o título sai. È realmente uma grande pressão. E os escritores de sucesso? Caras que escreveram livros que venderam milhões, sucesso total de crítica e público. Tenho a certeza que eles sofrem bastante para escrever. A superação na maioria das vezes não é conseguida. No entanto, a tentativa de superação, de tentar escrever melhor do que da última vez é válida, por que não dizer, necessária. Assim eu penso. Hoje, 05/12/11, faz exatamente um ano que comecei, com mais frequencia e dedicação, escrever contos e crônicas. E nesse mesmo dia eu postei meu primeiro conto num site de escritores. Foi um conto que escrevi de uma vez só. Comecei às duas da tarde e cinco horas estava terminado. Antes, eu escrevia desta forma, de supetão. Começava e terminava no mesmo dia. Porém, como fui recebendo alguns elogios, comecei a ficar inseguro para postar qualquer coisa. Fico agora muitos dias tentando melhorar um conto. Leio e releio “trocentas” vezes antes de postar no site. E muitas vezes não consigo o resultado esperado. Fiquei mais exigente comigo mesmo. E como disse antes, não tenho obrigação nenhuma de escrever. Não ganho nada com isso. Embora, seja bastante prazeroso, justamente, penso, por não ser obrigatório. Claro que gostaria de ganhar algum dinheiro escrevendo, que mal haveria. Será que perderia o prazer? Não sei responder. Apesar, de às vezes pensar que se tivesse a obrigação de escrever, e, principalmente, de escrever bem, provavelmente eu infernizaria a vida de quem estivesse ao meu lado. Ficaria neurótico. Já sou ranzinza por natureza, e com certeza ficaria pior. Contudo, a depender de quanto eu ganhasse para escrever, poderia até ser que eu melhorasse meu humor, e vivesse sempre com ideias geniais para colocar no papel, quer dizer, no monitor. Na verdade seria muito improvável a melhora do meu humor. Trocando em miúdos, o que eu gostaria mesmo era de ser regrado e conseguir escrever todos os dias. Como se fosse um profissional. Nem que seja para escrever uma inocente crônica. Infelizmente não consigo. E por falar em crônica, como se define o que é uma crônica? Um dos mestres desse estilo, Rubem Braga, quando perguntado sobre isso, respondeu assim: “Se não é aguda, é crônica”.

jacosta
Enviado por jacosta em 06/12/2011
Código do texto: T3374071