Sócrates e a revolução do futebol

Ontem, um domingo, acordei muito cedo e logo recebi do meu pai a notícia: Doutor Sócrates havia morrido. Não entendo de futebol, mas entendo um mínimo que seja de pessoas. E é engraçado como os homens, que são maioria do público e são aparentemente guiados mais pela razão do que pela emoção, quando o assunto é futebol, têm seu lado passional exibido com tanta força. Algo lindo de se ver quando as comemorações e discussões são feitas de um jeito saudável.

Não acompanhei a trajetória de Sócrates, mas creio que sua falta será sentida, entre outros motivos, por futebolistas como ele serem raros hoje. Ainda que uns critiquem o estilo de vida "boêmio" que levava devido ao alcoolismo, esse era só um aspecto da sua vida. O fato é que é fácil perceber, principalmente quem tem um pouquinho mais de vivências do que eu, que essa geração de jogadores envolvidos com questões sociais, políticas e culturais está se esvaindo e dando lugar à marketização excessiva e superficial do futebol e de seus participantes, onde os jogadores dificilmente passam de ídolos jovens, bonitinhos e endinheirados (às vezes o "bonitinho" nem existe), como Neymar e a nova promessa futebolística Lucas Piazon.

É claro que esses jogadores são talentosos e merecem reconhecimento, mas a supervalorização vazia e infundada não nos leva a lugar algum. O futebol é o esporte mais popular do mundo e o Brasil é um destaque nessa área, podendo usá-lo como elemento modificador e manipulador de sua sociedade. Como será que vai estar a nossa daqui a 50 anos? Melhor do que homenagear Sócrates com a vitória do Corinthians, é homenagear aprimorando cada dia mais o futebol brasileiro. Em todos os sentidos.