DESFAZENDO MAL ENTENDIDOS
O que me move a escrever sobre doença ou morte de pessoas públicas é, além do aspecto humano, o fato de que os problemas enfrentados por elas pode servir de exemplo a tantos que passam pela mesma situação. Os que me conhecem a mais tempo no Recanto das Letras sabem a luta que travei contra o alcoolismo e hoje me considero uma vencedora, porque amestrei o monstro que me acompanhou por longos vinte anos e quase destruiu minha vida. A partir daí me propus a abrir o jogo, como se diz popularmente e, partindo da minha experiência, tentar alertar e ajudar os que enfrentam os monstros que, sorrateiramente, derrubam o mais forte dos seres humanos. Com toda sinceridade me expus, escrevendo vários depoimentos em 2009, sobre minha vida como alcoólatra e como consegui triunfar sobre o vício. A partir daí resolvi aproveitar todas as oportunidades e tenho escrito crônicas sobre os famosos que lutam e, principalmente, sobre aqueles que, sem forças para reagir, são engolidos pelo monstro. Assim foi que escrevi, entre outros, sobre Fred Mercury, sobre a Amy Winehouse, o ex-presidente Lula e, na crônica anterior, sobre a morte do ex-jogador Sócrates.
Tenho consciência que milhares de anônimos enfrentam doenças semelhantes e que, infelizmente, dependem de um Sistema de Saúde capenga, não tendo a chance, como tiveram os acima citados, de pagar uma Clínica ou fazer tratamento no exterior. Longe de mim comparar condições econômicas! Minha intenção é chamar a atenção sobre os malefícios, sobre o poço sem fundo do álcool e das drogas, principalmente. É por isso que destaco pessoas conhecidas a nível nacional e internacional. E tudo isso com a esperança de alertar e levar esperança a tantos brasileiros e suas famílias que passam por situações semelhantes. Não estou dando ênfase aos famosos. Estou, através deles, dizendo que todos os que entram num vício têm dois caminhos: buscar ajuda, lutar e sair dele ou caminhar, conscientemente, ao encontro da morte.
Este ano completei, em julho, quatro anos de total sobriedade e tenho o dever, como cristã, de dizer que o monstro pode ser vencido. Basta querer.