O Castelo

O CASTELO

Numa rua de casas humildes destoava uma linda mansão, mas parecida com um castelo. Tinha torre, paredes dobradas, muralhas, muitos serviçais e até dois cães de nomes: Leão e Raposa.

Em tudo se assemelhava aos castelos das histórias infantis que se costuma a ler nos gibis e livros infantis.

As crianças da rua tinham uma enorme vontade de adentrar naquela mansão. Curiosidade de ver os tapetes, as pratarias, a sedas e quem sabe ali devia ter também fadas, príncipes e princesas.

Não havia oportunidades. Nos dias de festas, a guarda era redobrada. E o cheiro do banquete misturava-se aos perfumes franceses dos convidados que elegantemente comparecia aos jantares luxuosos oferecido pelos “Bornelis”.

No natal uma grande árvore ficava colorida de lâmpadas que piscavam descompassadamente deixando todos pasmos de tanta beleza.

No carnaval se sentia o cheiro da lança perfume e viam-se os convidados chegando com riquíssimas fantasias. Imaginavam-se os confetes e serpentinas entrelaçados naquelas árvores que se viam além dos muros.

Batista era um dos servos dessa solar. E era ele que descrevia essas deslumbrantes festas e contava também de alguns mistérios daquele intransponível luxo. Relatava as manias dos patrões, as banheiras cobertas de espumas, os adornos exuberantes, os brinquedos que andavam, falavam e encantavam e os cardápios das grandes festas.

Todos queriam penetrar naquele mundo. Principalmente Robertinho o maior dos meninos daquela rua. Prometia aos menores que contaria a todos os detalhes se penetrasse no castelo. E a turma se empenhava em facilitar essa peripécia.

Até que... Surgiu uma idéia. Fariam a pequena Janinha de quatro anos adentrar de vez na mansão e Robertinho na desculpa de buscá –la observaria rapidamente os detalhes para contar aos outros. Mas era preciso a ajuda de Batista. Ele deveria prender os dois cães e fazer a segurança dos invasores. E assim, Robertinho matou sua grande curiosidade. Pena, que não encontrou príncipes e nem princesas. Não havia sedas nem cristais. As cortinas e sofás eram de chitões iguais os da casa de Pedrinho. Ao invés de fada encontrou uma bruxa que enxotou Janinha e Roberta com palavrões em lugar da vassoura. As paredes estavam com reboco caído como na casa da Marieta. A mesa era menos farta do que a da casa de Teresinha. Tudo ali era triste e nada brilhava.

Será que Batista fantasiava nas suas narrativas? Ou será que a mansão era bonita e exuberante somente em dias de festas? Que decepção!!!

“ Nem tudo que parece, realmente é...”

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 05/01/2007
Reeditado em 24/05/2020
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