Para ter “malandro” tem que ter “otário”
Por Abilio Machado
A cada dia que passa mais e mais vemos desfilar casos em que alguém foi enganado nas ruas, portas de banco, em vendas, em palestras, em cultos, em vãs promessas, em trabalhos, em relacionamentos e assim vai...
Poderia ser um comentário como qualquer outro, mas muitos entregam o seu tudo, neste estabelecer de um contrato silencioso onde de um lado temos alguém ávido a insuflar uma idéia em que sirva de alimento, assim como a minhoca na ponta do anzol, algo que seja a sua fonte de desejo e ou de necessidade, vejam que até em algumas instituições se usam a frase ‘ se não conhece pela alegria conhecerá pela dor’ ou seja, venha já antes que sofra, e me diz além dos humanos que sabem e conhecem sua neurose, quem em sã consciência gosta de sofrimento?
Eu tenho por vezes algumas dores, instantâneas e outros que são crescentes, as primeiras me surpreendem mas as segundas eu quando pressinto sua ação corro ao remédio para que me ampare no que poderia durar mais minutos, tudo pelo fato de não querer sentir as dores. Mas nem todos são assim...
Esta procura por alguém ou algo, esta insatisfação consigo mesmo ou com as suas próprias probabilidades de conquista fazem com que pessoas descambem à mercê de uma ‘boa lábia’ e caem em contos que depois tronam-se absurdos como o famoso bilhete de loteria onde a pessoa está á frente do banco e diz que o bilhete é premiado mas ele não pode entrar pela porta para ir sacar o valor, a imagem é tão regada que se você ao acordar vai cair.
E sempre motivado pela ganância, tem, mas quer mais, não gosto de A eu tenho que ter B, mas em nenhum momento me pergunto por que o desejo de ter B, é algo meu? Ou eu absorvi isto de alguém... Talvez alguém tenha B, a mensagem na TV disse que só serei feliz se B estiver comigo, em minha posse... Seria B o meu símbolo momentâneo de virilidade?
Lembrei dos casais de namorados agora... O menino está colado com a menina, mas se ele perceber que alguém olha, ele usará a menina para mostrar que sabe dar uns amassos, não faz isso pelo momento, faz apenas para mostrar o eu tenho você não; quase como a moça que fica noiva rapidamente e precisa mostrar a aliança entra no ônibus ou outro ambiente e pôe-se a bater com a aliança em qualquer coisa que faça barulho, estes já estão demonstrando um quê de sua ansiedade de desejo; aqueles que andam de cabeça baixa pelo calçadão demonstram sua incapacidade pela vida, prato cheio.
Seja contando as anedotas comuns, ou relembrando casos, todos nós conhecemos uma historinha de alguém que tenha levado a famosa rasteira.
Para que você não caia, não viaje na maionese, pense, nada vem de graça, sempre ao lhe darem algo vai ter que oferecer algo em troca, seja em afeto, monetário ou permuta... Lembre-se que para existir um malandro tem de existir um otário.
Para que durante o desespero não caias em tentação lembre-se das palavras chinesas que dizem: ‘seu problema é grande demais e não tem solução? Se não tem solução porque se preocupar com ele? E o seu problema é grande, mas tem solução? Se há solução porque se preocupar com ele?