Deu na Superinteressante...

A luta contra as drogas ganhou a formatação de guerra e terrorismo mental. Todas as drogas ilícitas atuam em busca do esquecimento desse terrorismo mental implacável. A pior maneira de lidar com essa questão e a primeira a se configurar na imprensa foi a de luta contra ás drogas. Preparando o terreno para a guerra. Razão fácil e lucrativa para os reis da mídia. Essa “formatação de guerra” ao problema justifica a existência de guerreiros morais que alojam a confusão entre tráfico e homicídio, vício e armamento no cérebro geral dos leitores. A ideia desprezada devia se chamar “respeito às drogas” porque a grande imprensa esposou a seu gosto essa peleja urbana como pretexto para saneamento de um problema ainda mais pernicioso: miséria e pobreza. Adulando a classe média idiota que se alimenta de raciocínios pré-fabricados unindo-se a ela para a grande revolução medíocre de limpeza social através dos agentes de mídia. Drogar-se que também é beber vinho em missa ganhou desvios para outrros recursos modernizados. Veio logo a novidade assustadora para calar a verdade dos fatos num sistema acostumado a dissolver a liberdade de expressão: Associação ao tráfico. Os intelectuais assentados no poder sintetizaram que: Trabalhador odeia drogas, apenas trabalha... A cachaça do Ex Presidente Lula era abençoada pela sua base religiosa o que não chegava para ele a ser exatamente uma droga, mas um compromisso de luta. Tornou-se claro e necessário destruir o morro, as bibocas, as malocas tornando-os alvos caríssimos das operações contra o meio de vida a seu modo da pobreza, além da proximidade dos jogos internacionais.

Mas o mérito da questão consiste em verificar como reagiu o mundo intelectual diante desse espetáculo de sangue promovido pela luta contra as drogas. Misto de ações e reações sem respeito de ambas as partes revelaram uma guerra de baixo índice de honestidade intelectual. Baixíssimo. Exceção. A Superinteressante publicou nesta última edição uma conveniente matéria porque algo vem mudando o enfoque da mídia. Eis o mote da Superinteresante: “Deixem os alcoólatras beberem”. Complementa: “a melhor maneira de lidar com sem-teto viciado em álcool” é permitindo que tenham acesso ao vício. Uma luz inteligente brilhou como sempre antes nos americanos, os primeiros a testar a briga nos outros povos. Observou para nossa expectação o quanto sai barato respeitar os drogados (aqui no caso álcool) dando-lhes bebida inclusive. Acabam vivendo melhor e, pasmem, bebendo menos. Diminuindo assim a criminalidade. Tem que ser estrangeiro à dizer e esse por sorte foi escolhido pela imprensa para “nos dizer”.

Nós brasileiros preferimos locupletar grandes mídias isoladas forçando o agravamento com energia blindada. Preferimos criar filmes com heróis armados envolvidos no cadáver dos meninos atingidos além de infelizes com direito ao SUS do judiciário. A grande imprensa não abrie mão de nenhuma concessão de classe. Lá de cima poderiam ter honestidade intelectual e confessar se quisessem: “Respeitem as drogas”. Para recuperar a idoneidade dos drogados destruída pela mídia ofensiva no maior bulingue já conhecido pelo homem além do nazismo e do facismo. Quem disse que drogado não tem idoneidade? Desportistas? Políticos? Religiosos? A mesma mídia que encampou a ideia de monstruosidade litigiosa na questão empurrando a desgraça à tirania da lei aos poucos terá que lidar com a nova alma de uma consciência adulta e educada. Vimos pelos mesmos meios que a lei produz podridão humana nos cárceres purulentos da sua alçada impondo medo, terror, ódio irracional em lugar de educação e respeito. Portanto, por favor! Não matem o irmão drogado! Nem o joguem para fora de casa! Será preciso salva-lo da polícia, da malandragem, da química desconhecida oferecida como droga, da carestia motivada pelo controle policial da produção, etc.

Na mesma revista temos a resenha do livro - “O fim da guerra” - O que fazer com a maconha? - Livro de Denis Russo Burgierman (exdiretor da Superinterassante). O livro propõe um novo sistema para lidar com o tema. Avalia diversas formas de lidar com elas em diversos países civilizados por onde andou. Como já me referi há pouca honestidade intelectual disponível nos jornais e revistas sobre o problema nos últimos cinquenta anos. Formou-se o fascismo sobre a égida do trabalhador e todo cuidado é pouco. A generalização cravou as garras preconceituosas e continua matando pelo amor aos esportes, aos perfis atléticos, as medalhas de melhor em tudo entre crianças famintas de rua. Aos mal informados religiosos que apóiam a batalha não se pode lhes pedir honestidade intelectual quando estão entulhados de preconceitos como não receber doação de sangue, jamais beber, não cortar cabelo, não ir a lugares com velas, não casar, não usar camisinha e até doar tudo sem controle. Doar tudo até a miséria franciscana. Com certeza falta respeito às drogas... Muito respeito às drogas e ao conteúdo civilizado. Após um tempo todas as drogas ganham estabilidade no corpo humano, mas só o respeito oscila no terreno político que se eleva aos céus como sem vícios. Sim há uma grande desonestidade intelectual no ar das matérias sem a profunda voz discordante. Parabéns a Superinteressante.

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Tércio Ricardo Kneip
Enviado por Tércio Ricardo Kneip em 02/12/2011
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