Martinho Lutero
             e o Natal



     Escolher um título é muito fácil. Difícil mesmo é encontrar um tema para uma crônica natalina sem sucumbir no vulgar; desembarcar no trivial. 
   Tantas coisas bonitas, mãos leigas, já escreveram sobre esse doce evento cristão! Isso põe este escriba em dificuldades. Não queria repetir ou  reescrever velhas páginas natalinas.

     Mas, dificilmente vou conseguir falar sobre o Natal  fugindo dos seus símbolos mais badalados, que estão assim agrupados: sinos, guirlandas, coroas do Advento, velas, estrelas, a árvore e o presépio. E ainda algumas linhas sobre São Francisco de Assis  e sobre Gaspar, Baltazar e Melchior, os magos, que, segundo São Jerônimo, o santo da Vulgata (Sec. IV), eram astrólogos. Vou tentar, mas não garanto.
     Antes que me perguntem, direi que são as cantigas natalinas que mais me atraem e comovem. Mormente quando as ouço ao pé das árvores de Natal.
   E aqui rendo minha homenagem a um monge rebelde que, de acordo com bons pesquisadores, teria musicado o Natal.  
   Estimulou a composição de novos hinos de origem e gosto populares, dando uma força a compositores como Bach, Händel e Beethoven e desta forma "consagrando a Alemanha como a moderna pátria dos grandes compositores"
Quem não conhece o Oratório de Natal de J.S.Bach?
    Falo de Martinho Lutero. Lutero (1483-1546) também seria o criador da árvore de Natal, embora exista quem veja em São Bonifácio o seu idealizador, a partir de um velho carvalho.
   Uma coisa, porém, é certa: a árvore de Natal é de origem alemã, país onde nasceram Lutero e Bonifácio. E olhe eu voltando aos símbolos!
     Mas há uma estorinha - até já a contei pros meus netos - ligando Martinho Lutero à árvore natalina. Peço licença ao paciente leitor para recontá-la, enquanto a "Noite feliz" não chega.
     Li que "certa vez, numa daquelas terríveis noites geladas da Alemanha, nas proximidades do Natal, ao retornar para casa Lutero encantou-se com a paisagem. 
     Olhando para o céu, através de uns pinheiros que cercavam a trilha, viu-o intensamente estrelado; pareceu-lhe infinitos diamantes encimando a copa das árvores. 
     Tomando pela beleza daquilo tudo, decidiu arrancar um galho de uma árvore e levá-la para casa. Lá chegando, entusiasmado, colocou-o num vaso com terra e, chamando a esposa e os filhos, decorou-o com pequenas velas acesas afincadas nas pontas dos ramos.
     Em seguida, arrumou uns papeluchos coloridos para enfeitá-lo um pouco mais. Pronto, era aquilo que ele vira lá fora. Todos se afastaram e ficaram pasmos ao verem aquela árvore iluminada a quem parecia terem dado vida. Nascia assim a árvore de Natal."
     É uma versão que a gente encontra em quase todos os livros que falam do Natal e de sua árvore. 
     Pode até não ser verdade, não passar de uma lenda, mas, até agora, pouco se disse ou se escreveu dando a São Bonifácio o título de inspirador da árvore de Natal.
     Desde muito, para mim, Martinho Lutero, o contestador, é o criador desse belo símbolo natalino, que começa a ser montado no meu apartamento.
     E enquanto o Messias não chega, abrindo a Era de Peixes, meu signo, sigo ouvindo White Christmas, com Bing Crosby, e Adeste Fideles, na voz divina do Andrea Bocelli.

Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 02/12/2011
Reeditado em 15/10/2020
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