Imagem não é Tudo
Imagem não é Tudo
Imagem é tudo, dizia um anúncio de televisão. Se isso é uma verdade inquestionável, não sei. Se é uma jogada de marquetim para nos fazer crer que a aparência externa é mais importante que a “interna”, isto é, que parecer bom é mais importante que ser bom, que parecer honesto é mais importante do que ser honesto, isso é mais fácil de crer. Não acho que imagem seja tudo, que apenas ela nos permita julgar com justiça algo ou alguém, porém admito que as informações em forma de imagens têem grande poder sobre nosso cérebro. Prova disso é que geralmente é sempre mais fácil guardar a fisionomia de alguém que acabamos de conhecer do que o nome dessa pessoa.
E tem a ver com a importância da imagem uma lembrança que me veio há alguns dias, La do meu tempo de adolescência. Sem mais delongas introdutórias vou logo ao fato ao qual o meu alter ego, o escritor Taciturno Calado, não parou de aludir até que escrevêssemos. Digo escrevêssemos por que ele não escreve sem mim nem eu sem ele. Mas... Vamos à lembrança.
Era inicio do ano de 1993, minha família acabava de praticar o nosso êxodo rural. Eu tinha treze anos e já andava em festas, influencia do meu pai. Nesse período estávamos nos enturmando com a vizinhança. E o pioneiro em manter relações de amizade comigo e meus irmãos foi o Tadeu, que tinha a mesma idade dos meus irmãos mais velhos de quinze anos e já morava na Rua Santa Rita há bastante tempo. Nessa ocasião o primo Zé era muito próximo a nós foi companheiro de aventuras em nossa nova vida na cidade. Apresento essas personagens, pois estão todas presentes na historia que vou contar.
O Tadeu, como não podia ser diferente, foi quem primeiro nos convidou para uma festa. Era uma festa de aniversario, que só mais tarde viemos saber que era da mãe dele. E nós, festeiros como sempre, fomos a tal festa. Eu, meus irmãos gêmeos, Crispim e Crispiniano e o inseparável primo Zé. Fizemos todo o ritual pré-festa, banho bem tomado, gel no cabelo – naquela época eu cuidava do cabelo! – perfume e coisa e tal.
Chegando lá muita gente, a musica rolando, cerveja – comecei a usá-la cedo! – umas meninas bonitas e a festa estava animada. Num momento da festa, um de nós quatro percebeu no aglomerado de gente uma moça que estava de costas para a gente. Cabelo preto curto, estatura mediana, magra, cintura fina, quadris largos, conversava usando muitos gestos e com bastante empolgação. Usava uma mine-saia jeans e uma blusa bem colada ao corpo. Ficamos todos interessados em saber quem era aquela "coisinha". Passamos um bom tempo só observando, esperando, inconscientemente a cerveja fazer efeito. E a moça nunca se virava de frente para nós. Até que em certo momento o primo Zé, que era o mais serelepe de todos resolveu tomar uma atitude, disse que ia convidá-la para uma dança. E foi. La chegando percebeu que imagem não é tudo. A tal "coisinha" era na verdade Dona Zefinha que não era tudo aquilo que imaginamos em matéria de beleza física. Ela era um tanto parecida com a Dona Bela da escolinha do professor Raimundo, aquela do bordão: “só pensa naquilo”.
O primo Zé ficou decepcionadíssimo e para não fazer feio, já que havia convidado a “moça”, dançou e dançou bonito! No dia seguinte descobrimos que Dona Zefinha era a mãe de nosso estimado amigo Tadeu.