Fome acumulada?
Nos finais de ano sinto-me desconfortável com a grande ilusão anunciada com insistência pelo comércio: promessas de felicidades.
Em 23/11 escrevi uma crônica (Sonho de consumo) sobre a menina que estava feliz por poder comprar uma quentinha, talvez a melhor comida que ela já provou.
Circula na internet o pedido que um garoto fez por carta ao Papai Noel dos Correios: “Arroz, feijão e batata frita,” e outro: “Que não falte comida lá em casa todos os dias do ano, porque ter fome é muito ruim.”
Nos dias que antecedem o Natal os supermercados viram campo de guerra, na disputa exacerbada por todos os tipos de alimentos, especialmente carnes e frutos do mar, que são vendidos o ano inteiro, mas ao que parece muita gente só têm acesso quando recebe o décimo terceiro salário.
As crianças costumam expressam com naturalidade aquilo que os adultos dissimulam.
Será que a fome está presente em mais famílias que podemos imaginar?