FEIJOADA, FAROFA E MUITA HIPOCRISIA
“Rap não é som de malandro.
E sim de bons poetas da periferia
pedindo uma vida mais
digna para todos!”
(Mharcello Syfe)
Tudo bem que não se goste do rap e da cultura Hip-Hop, mas, socialmente, através da arte, eles afetam o Estado, quando deveria ser o contrário. Deveria ser o Estado quem chegasse através de políticas públicas como educação e o escambau, levando cultura para as periferias, mas não, a periferia com a cultura Hip Hop mostra também que sabe fazer arte, afetando o Estado e dizendo: "PORRA, eu existo, olhe pra mim, pare de me sacanear e me dê melhores oportunidades. Eu não sou esse lixo que vocês dejetam não; eu não sou as migalhas da elite”.
Entretanto, o que mais me comove mesmo é quando dizem: “saí daí, rap e raggae é música de maconheiro”. Isso não é o preconceito ao reggae nem ao rap, e sim um preconceito de classes sociais, pois tais ritmos surgiram da periferia e dos marginalizados pelo Estado e pela elite.
Caso não se lembrem, Elís Regina era da BOSSA NOVA, ápice da MPB e morreu de overdose de cocaína. Era tida como a cantora da elite, pois os finos se gabam de serem os maiores apreciadores da MPB, jazz, Blues e bossa nova. Pesquise de onde surgiu o blues e o jazz para tu ficares de cara no chão; Cazuza e Renato Russo morreram de AIDS. Como eram drogados assumidos, pelo menos no meio em que viviam, quem garante que não foram contaminados com a seringa da heroína? Cássia Eller e outros tantos grandes nomes da MPB assumidamente fumaram ou fumam maconha ou usaram ou usam cocaína; quantos cantores dessas bandas nordestinas de forró eletrônico, fazendo mais de um, dois, três shows por dia, não sobem "cheirados" ao palco?
Mas não, o reggae e o rap não... A desculpa de quem não gosta desse tipo de som, é dizer que é música de maconheiro e de marginal. Nada a ver, cara. Isso não é um preconceito contra tais ritmos em si, e sim de quem faz esses ritmos, que na maioria e na real essência, são pessoas da periferia e marginalizadas socialmente. Volto a dizer, pessoas esquecidas pelo Estado e pela elite.
Vocês, principalmente os brasileiros, deveriam respeitar e muito a periferia, pois de lá, nas senzalas e nas grandes cozinhas das casas grandes, foi que surgiu a feijoada, essa gororoba saborosa que fica juntinha do seu arroz todo santo meio dia.
Como diria o Lucas Mires: “Marginal ? Sou sim, pode crer e bota fé, mas tem um diferencial, eu vou dizer qual que é. Sou daquele tipo que fica a margem da sociedade hipócrita que quando cê mais precisa ela te vira as costas”.
É incrível como a hipocrisia tem o dom de ser o sentimento mais sentido e tomado pelo homem. Cara, será que não existe tanta coisa mais linda para ser a não ser hipócrita?