Bar Chico Elefante. Os Alienígenas Também Amam.

Claro que me lembro do diretório acadêmico da faculdade de direito do largo São Francisco. Como não lembraria? Foi lá que tudo recomeçou. Aqueles bancos e mesas velhas espalhadas por aquele salão abafado fizeram muita gente perder a esperança e ao mesmo tempo muitos berrarem de alegria. Ali por um tempo foi o centro do pensamento pátrio, onde revoluções eram tramadas, onde jovens intelectuais concentravam suas energias para dominar o mundo, enquanto eu ali freqüentava apenas como um mero estudante alienígena, pertencente a outro campus, mas que me comportava como um deles. Na verdade eu só queria mesmo era um lugar tranquilo, longe das atribulações da superfície, onde pudesse ler um livro, ouvir boa música, pois no ambiente o bom gosto musical era prevalecente, tomar algumas cervejas e aguardar meu amor. Vez ou outro acendiam um grosso baseado e, mesmo não tendo participado ativamente da confraternização, sentia-me meio chapado porque a fumaça naquele ambiente abafado fazia a cabeça de qualquer um que estivesse lá dentro, não importando credo, ideologia, sexo, idade ou condição social.

Não conheço a história do Chico Elefante, sei apenas que é um ambiente histórico, remoto, e que por tempos fora protegido contra quaisquer “invasores”, como que um bunker cravado no centro de São Paulo, onde os estudantes de direito da USP, além de fumarem boa quantidade de maconha, dançavam forró universitário e enchiam a cara com respeito, também comercializando camisetas, cartões postais, livros, revistas, incensos e outras bugigangas, tudo com dignidade.

Ali, em seu underground, sob aquelas clássicas arcadas, eu que não era de lá, era “alienígena”, aprendi e vivi muito mais do que um simples sonho vago, muito mais do que possa ensinar um metódico cronograma universitário, vivi e absorvi por um tempo o que há de mais grandioso na vida humana, bons pensamentos, bons fluídos, boas idéias, arrepios de indignação, alegria e um grande amor...

SAvok OnAitsirk, num dia qualquer...

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 30/11/2011
Reeditado em 30/11/2011
Código do texto: T3364382
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