Dias sisudos



Ao acordar escutei o ruído da vida lá fora. Fiquei feliz! O dia está bonito! Aliás está sempre bonito. 

O dia parecia que ia ficar alegre, satisfeito porque as crianças estão em férias, fazendo seu barulho normal; o quero-quero voava festejando o surgimento do sol; o bem-te-vi, nem se fala. A alegria dele em poder voar de flor em flor era enorme e ele cantava sua canção preferida: Bem-te-vi! Bem-te-vi!

Mas em dias de violência parece que até o dia se desespera, e esse, hoje, ficou triste de repente.

Talvez seja impressão minha. Estou traumatizada, com tanta violência. Mas, tenho a nítida impressão de que os dias também estão tristes, nublados, mais chorosos.

Será que tem a ver com a violência no mundo? Não é pra menos.

Deus em sua perfeição e misericórdia para conosco, nos deu a Natureza.

Para nos alimentar, embelezar o ambiente e facilitar nossa estada aqui na Terra.

Em sua bondade nos deu ar para podermos respirar livremente, enchendo os pulmões de vida.

Nos deu a água para saciar a sede, alimentar aos animais e os vegetais.

Colocou os animais para nos servir e também como alimento.

O que fazemos?

Destruímos o ar poluindo o ambiente( ar, água, solo) de todas as formas e com todos os produtos a nosso dispor. Desta maneira estamos acabando com nossa riqueza maior o ambiente. Não satisfeitos atacamos os animais que já estão fugindo da falta de água, da fome, indo em busca da sobrevivência.

O mundo está ficando pelado de árvores, seco de vida, feio sem os vegetais exuberantes e coloridos.

Para completar o quadro terrível, agora há a violência, de seres humanos contra o próprio ser humano, numa escala maior, muito maior. É verdade que desde Caim e Abel o ciúme a inveja, a ganância e ânsia de poder fazem parte do cotidiano levando tantos á destruição íntima.

Por isso penso: é época de chuvas, sem dúvida. Mas parece que agora nestes dias em que a violência está tão forte nos estados, no mundo, ela está mais sisuda, mais molhada de lágrimas dos que sofrem e pelo próprio sofrimento.

As lágrimas são um convite para repensarmos

Talvez essa chuva constante seja um pedido de socorro choroso e triste do planeta. Um alerta aos homens para reavaliar seus pensamentos, anseios, e atos, deixando o egoísmo para trás.

A natureza chora, está sisuda, carrancuda, cinzenta. A cor do desgosto. A cor da fome, da miséria calculada e proveitosa para uns poucos. Cor da sede, da falta de moradia, da falta caráter e moral de quem deveria acabar com esse estado calamitoso. A cor do desabrigo, do frio, nessa época.

Olharei para os próximos dias e pensarei no que poderei, eu, fazer para minimizar tanta violência.