Passarinho que come pedra sabe o cu que tem
Essa expressão engraçada era dita pelo meu colega ferroviário e mestre do mamulengo Chico do Doce, significando que quem assume uma tarefa é porque confia no seu potencial. Apenas um ano e meio decorrido da inauguração do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, vamos reinaugurar nosso espaço de cultura e arte em Itabaiana, depois de quase ver morrer o projeto por inanição. Como parceiros do Ministério da Cultura, tivemos o dissabor de observar que o Governo é bom para cobrar do cidadão os seus deveres, mas quando se trata de honrar compromissos, ele costuma nos dar calote e desrespeitar contratos na maior cara de pau.
Em vez de entoar um réquien para o projeto da Sociedade Amigos da Rainha do Vale do Paraíba, eu e meia dúzia de moças e rapazes idealistas estamos tocando o Ponto de Cultura, com a ajuda preciosa de figuras iguais ao doutor Zé Mário Pacheco e a dona Luiza Pedrosa, gente que acredita no valor do trabalho que executamos praticamente sem apoio algum de instituições oficiais.
Para o ano que vem, o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar está elaborando uma programação para ser executada em nossa nova sede, na casa onde o mestre Zé Lins do Rego se alfabetizou e conheceu o cinema, conforme depoimento do outro mestre itabaianense Vladimir Carvalho, no livro “Pedras na lua e pelejas no planalto”, de Carlos Alberto Matos. O Cineclube Vladimir Carvalho, do Ponto de Cultura, já está tocando o curso de cinema com o mestre Torquato Joel, indicação do próprio Vladimir que, ao se encontrar com Torquato em evento na cidade de Campina Grande, intercedeu para que a oficina fosse realizada. “Vá à minha terra e lance a luz do cinema para a juventude”. Assim está sendo feito. A oficina já está no terceiro estágio, com a participação de gente das cidades de São José dos Ramos e Juripiranga. A galera já está produzindo roteiro para um curta. Em maio de 2012, tentaremos realizar a I Mostra de Cinema do Vale do Paraíba.
Na área de música, a ideia é retomar o curso de violão e iniciar o de sanfona. Para tal, temos a promessa de doação de 10 acordeons e convênio com o Sebrae para contratação do oficineiro. Em 2012, também pensamos em deslanchar o grupo de música regional “Ganzá de Ouro”. Outra meta, essa mais complicada, é trabalhar com o luthier Geraldo em uma oficina de restauração e afinação de piano. No setor de cultura popular, também planejamos oferecer oficina de folguedos como o Boi de Reis, Maracatu, Caboclinhos e Cavalo marinho.
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