Pés  femininos  e os seios da Jane


 
 
                        O meu amigo carioca Ciro Fonseca  vem apresentando ótimas crônicas e de vez em quando  derrapa um  pouco para um suave erotismo e a plateia gosta.
                        Essas leituras diárias que venho fazendo dele acabaram  por me avivar lembranças adolescentes.  E aí, vocês já podem imaginar o que começo a recordar.  Penso logo na  Jane Mansfield, artista do cinema americano,  a mulher dos maiores peitos da sua época.  E, claro, era eu , com certeza seu maior fã. Falava tanto nela, que meus amigos já me chamavam de  Senhor Mansfield, o que me deixava orgulhoso! 
                        Sem dúvida nenhuma ela foi minha primeira paixão, com a chegada e  a inundação que tive do hormônio  testosterona.
                        E  o  que me atraía eram os peitos enormes. Achava formidável. Era uma atração fatal...                   
                        O meu pessoal em casa sabia disso, tanto que era toda hora gozado pelo meu pai, minha mãe e minha irmã. Isso foi bem antes de descobrir meu principal fetiche: os pés.
                        Chegou uma época que eu olhava primeiro os pés da garota para só depois olhar para o rosto. Se não tivesse os pés dos meus sonhos, nada feito. Quer dizer: nada feito, uma ova!  Para o sexo eu relevava, embora de cara feia.
                        Sempre me causou mal estar as opiniões de uns camaradas que não entendem nada de pés femininos.  O que ouço mais falar é uma grande baboseira: “pés femininos bonitos têm que ser pequenos”.  Nem chinês pensa mais assim. O problema, para quem nasceu com essa vocação para saber o que é pé bonito, não é o tamanho do pé. A beleza não está no comprimento.   Não tem esse negócio de ser pé 33, por exemplo. Pode ser um pé 37, 38 e, vamos lá, aceito um  39, nos nossos tempos modernos. Mas como disse, o problema    não  é o tamanho. O feitio do pé é que importa. Tem que  ser gracioso, dedos proporcionais, unhas bonitas. Aquelas unhas que ficam quase que escondidas num dedo muito gordo, acabam   por tirar a beleza do pé, na minha opinião, evidentemente.  Espero que a leitora amiga não se zangue comigo, que talvez esteja pensando: "mas o Gilberto está esquecendo o espírito". Sei, sei, também concordo, amiga. É verdade, o espírito é tudo, mas uma mulher com um ótimo espírito e com um pé bonito, a minha espiritualidade se elevaria mais rapidamente!  Para que não haja dúvida do meu  ideal, fiz questão de trazer o meu pé nota 10, onde meus leitores poderão ver  a beleza dessa importante parte do corpo humano. Aliás, vi um pé desses, realmente divino, desfilando,  há muito tempo,  na rua do Ouvidor, no Rio, mas desgraçadamente o  perdi de vista. Fiz uma perseguição implacável àqueles pés, pelas ruas do Centro:  Ouvidor, Assembleia,  Buenos Aires, Presidente Vargas, até que... a      moça chamou um táxi e vi aquela beleza toda desaparecer na minha frente.   Não me importo, amigo leitor, se quiser,  pode dar uma breve parada na leitura e apreciar novamente o retrato do pé.  Então, gostou?  Percebe agora a importância extraordinária  de um pé bonito? Tive agora uma ideia brilhante, pedirei ao meu amigo Seminale para  produzir um poema transcendental sobre este tema. Há uma simbologia riquíssima no pé. Isso é incontestável. Daria uma crônica estupenda, falaria nos pés alados, pés que voam, que caminham, que encantam... Os pés são nossas raízes e, talvez, esteja aí a explicação para a  minha fixação. Não estamos sempre procurando nossas raízes, nossas origens?
                          Não queria fazer essa confissão. Mas  devo dizer que quando gostei de uma namorada, pensando em casar,  pedi muito à moça que continuasse usando os sapatos fechados que ela estava acostumada a usar. O meu medo é que ela mostrasse um pé feio para a minha sensibilidade de esteta. Até que tive coragem e pedi que ela, em certo dia, aparecesse com uma sandália. O noivado se aproximava...  Fui olhando aos poucos, no início com o "rabo de olho", suando frio, até que encarei os pés da namorada. Não era o meu tipo ideal, mas não chegava a decepcionar. Tolerei e, finalmente, me casei.    

                        Não sei explicar esses meus dois primeiros deslumbramentos. Os seios grandes, com o passar do tempo, fui perdendo o interesse. Mas os pés dos meus sonhos ainda persigo até hoje e devo confessar aos amigos que morrerei com essa “tara” benigna, pelo  menos estou me interessando por algo natural e não por artificialidades destes novos tempos.
                        Explico:  é que as mulheres vêm colocando silicones nos seios e nas bundas.
                        Já falei aos meus amigos que se aparecesse uma dessas mulheres siliconadas eu as dispensaria imediatamente. Gosto de pegar em carne de verdade e não em balão, em plástico, ou coisa parecida.  Se é pra ter uma mulher assim, prefiro comprar na loja uma mulher inflável... Não sei não, mas valha-me Deus, gostaria muito de saber quem é a dona desse lindo pé   que trouxe hoje para a minha crônica.