Um dia o filho do Moleiro sabendo que o amigo de seu pai estava doente, passando necessidade, propôs ao pai levar ajuda, tendo ele uma reação de indignação. Deveria aprender que não dá para ajudar um pobre, mesmo amigo. Estava fazendo um bem, permitindo que Hans encontrasse forças para sair da difícil situação.
Certo dia o carrinho de mão que servia de ajuda no jardim e no pomar se quebra. O Moleiro promete- lhe dar de presente um que tinha em casa e que só precisava de alguns consertos. Hans ficou muito agradecido. Pela noite, adoece o filho do Moleiro e fazendo do seu amigo um mensageiro, pediu-lhe que fosse na vizinha cidade buscar o médico. Prontamente Hans mostrando solidariedade foi cumprir a missão. Na volta, era uma noite de tempestade, ele se perde e cai em um profundo buraco. É encontrado e foi providenciado o enterro. O Moleiro, mesmo sabendo da presteza do amigo, não reconheceu a dedicação do amigo. Invertia os papéis, sendo que ele é que se julgava devotado, dedicado. Ainda por cima tocou no assunto do carrinho da mão e ficou feliz por quase tê-lo entregue. Afirma que sofre muito por ser generoso.
Quando lemos algo, temos alguma expectativa do desfecho. Fiquei chateada com o desfecho. Queria, de certa forma, que o Moleiro, que era um ferreiro rico, autoritário, aproveitador
fosse punido. O pobre Hans foi quem pagou com a trágica morte o fato de ser tão prestativo e generoso.
Pela vida a fora vamos construindo muitos amigos. Alguns se conservam, outros se perdem no tempo. Muitas vezes a amizade verdadeira é retomada. Há quem acredite que amigo tem que servir sempre e em todas as horas. Esquecem que amizade envolve trocas. Há que ter discernimento das amizades que valem ser aprofundadas e as que merecem ficar na superficialidade. Amizade implica respeito pela forma de ser do outro, mas saber que forma de ser é esta, para não depararmos com o tipo acima descrito,o descarado aproveitador.