amanhecer

Vem de tantos sonos e sonos que não quer mais despertar. Enleia-se, dobra as pernas em sedas e toscos sonhos matinais. Revira a alma, pensamentos insanos e cochila um pouco mais. Nega-se a compactuar com o relógio insistente que pisca, como um farol, em praia distante a anunciar obstáculos. Não quer viver o dia. Que cessem as horas e esse seqüestro diuturno de seu futuro insondável. Lamentou-se ir dormir tarde, agora não concede o rompimento da manhã em seu sentir. Quer dormir. Para sempre dormir. Sem sonhos, ou luz. Silêncio simples, sem pausas, até que a vida regurgite em sua cara pálida.

Doraa
Enviado por Doraa em 28/11/2011
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