O Sétimo Dia
Precisei mudar de endereço. Confesso que nem a mudança em si, com seus altos e baixos, quebra de objetos, desaparecimentos misteriosos, reforma interminável, reparos e imprevistos, causou-me tanto cansaço quanto a transferência da linha de telefone.
Liguei para a operadora GTT (nome fictício, que não sou bobo de levar processo nas costas) e comuniquei meu desejo. Não apareceu nenhum gênio da lâmpada e a atendente comunicou que precisariam de 7 dias úteis para verificar se haveria disponibilidade de tronco na área.
Cabe uma ressalva: Deus levou o mesmo tempo para criar o Universo trabalhando sozinho. Como pode uma simples verificação tomar tanto tempo?
- Temos muito serviço, Senhor. – Respondia a cordial atendente.
- Tudo bem, mas saiba que vou mudar para duas quadras abaixo do endereço atual. Será possível que não podem fazer essa verificação mais rapidamente?
- Vou pedir urgência, Senhor.
Pedir urgência foi o mesmo que pedir coisa nenhuma. Sem Internet não existo como escritor, investidor da bolsa, cliente de banco, servidor público, amigo, parente, pai e esposo. Passo horas a fio na Internet. Quando durmo sonho que estou navegando. Sou um doente crônico e meu mal se curará apenas com a morte. Depois de 3 dias úteis liguei para saber notícia:
- Nada ainda, Senhor. O Senhor deve espera 7 dias úteis!
Para mim parecia filme de terror. Sete é um número místico e não pode dar sorte, pelo menos nessa situação. Fiquei navegando do antigo endereço, enquanto podia, mas não era a mesma coisa. Podia apenas checar emails e lidar com as contas do banco, o que era pouco para mim.
Tornei a ligar com 4,5,6 e, finalmente, para minha glória, chegou o sétimo dia. Se fosse uma Missa póstuma não demoraria tanto! Para os mortos o tempo voa, será? No sétimo dia a decepção:
- A verificação não foi feita, Senhor. Ainda não temos resposta.
- É o Sétimo dia. Eu perdi urgência. Você não pode fazer nada?
- Temos que aguardar, Senhor. O técnico pode estar verificando hoje e amanhã teremos resposta...
Não tive resposta nem no oitavo, nono e décimo dias. Cansado, já havia pesquisado outras operadoras e decidi pela Óia (nome igualmente fictício). Instalaram o fixo em três dias e a internet no quarto dia. Achei o atendimento rápido e a Internet, com a mesma banda da GTT, ainda mais rápida.
Na semana seguinte, bem para lá do Sétimo dia, me ligam da GTT:
- Senhor, podemos confirmar a mudança de endereço?
Fui às nuvens de raiva. Minha ira doentia fez com que o atendente suportasse toda a carga da incompetência coletiva da sua companhia. Não satisfeito, enviei email reclamando, sabendo que nunca serei respondido, e acabei desistindo da portabilidade ao saber que acabaria tendo que esperar cerca de 30 dias. Se o Sétimo virou vinte, imagine o que aconteceria com trinta.
Minha experiência fez com que voltasse aos anos 80 quando se dormia na fila para ter direito a um telefone fixo. Agora, feliz da vida, consumei meu amor pela Internet. Não se espante leitor: navegar é preciso...
Precisei mudar de endereço. Confesso que nem a mudança em si, com seus altos e baixos, quebra de objetos, desaparecimentos misteriosos, reforma interminável, reparos e imprevistos, causou-me tanto cansaço quanto a transferência da linha de telefone.
Liguei para a operadora GTT (nome fictício, que não sou bobo de levar processo nas costas) e comuniquei meu desejo. Não apareceu nenhum gênio da lâmpada e a atendente comunicou que precisariam de 7 dias úteis para verificar se haveria disponibilidade de tronco na área.
Cabe uma ressalva: Deus levou o mesmo tempo para criar o Universo trabalhando sozinho. Como pode uma simples verificação tomar tanto tempo?
- Temos muito serviço, Senhor. – Respondia a cordial atendente.
- Tudo bem, mas saiba que vou mudar para duas quadras abaixo do endereço atual. Será possível que não podem fazer essa verificação mais rapidamente?
- Vou pedir urgência, Senhor.
Pedir urgência foi o mesmo que pedir coisa nenhuma. Sem Internet não existo como escritor, investidor da bolsa, cliente de banco, servidor público, amigo, parente, pai e esposo. Passo horas a fio na Internet. Quando durmo sonho que estou navegando. Sou um doente crônico e meu mal se curará apenas com a morte. Depois de 3 dias úteis liguei para saber notícia:
- Nada ainda, Senhor. O Senhor deve espera 7 dias úteis!
Para mim parecia filme de terror. Sete é um número místico e não pode dar sorte, pelo menos nessa situação. Fiquei navegando do antigo endereço, enquanto podia, mas não era a mesma coisa. Podia apenas checar emails e lidar com as contas do banco, o que era pouco para mim.
Tornei a ligar com 4,5,6 e, finalmente, para minha glória, chegou o sétimo dia. Se fosse uma Missa póstuma não demoraria tanto! Para os mortos o tempo voa, será? No sétimo dia a decepção:
- A verificação não foi feita, Senhor. Ainda não temos resposta.
- É o Sétimo dia. Eu perdi urgência. Você não pode fazer nada?
- Temos que aguardar, Senhor. O técnico pode estar verificando hoje e amanhã teremos resposta...
Não tive resposta nem no oitavo, nono e décimo dias. Cansado, já havia pesquisado outras operadoras e decidi pela Óia (nome igualmente fictício). Instalaram o fixo em três dias e a internet no quarto dia. Achei o atendimento rápido e a Internet, com a mesma banda da GTT, ainda mais rápida.
Na semana seguinte, bem para lá do Sétimo dia, me ligam da GTT:
- Senhor, podemos confirmar a mudança de endereço?
Fui às nuvens de raiva. Minha ira doentia fez com que o atendente suportasse toda a carga da incompetência coletiva da sua companhia. Não satisfeito, enviei email reclamando, sabendo que nunca serei respondido, e acabei desistindo da portabilidade ao saber que acabaria tendo que esperar cerca de 30 dias. Se o Sétimo virou vinte, imagine o que aconteceria com trinta.
Minha experiência fez com que voltasse aos anos 80 quando se dormia na fila para ter direito a um telefone fixo. Agora, feliz da vida, consumei meu amor pela Internet. Não se espante leitor: navegar é preciso...