DESABAFO
E como ficou chato ser culto (leia-se escolarizado) em nossos dias... cada maleta te cerca com programas idiotas... “Ó, camarada, a genti vai fazer um protesto contra us Istadus Unidus na freinti du Méquidonaldis, vamulá?” (dito isto dá um generoso gole na latinha de Coca-Cola) pffffffffff... só de raiva vou estar lá dentro quando eles chegarem. Me poupem, senhores, finjam que não existo... passem ao largo, me errem.
O lirismo putinha à beira do abismo, anoréxico, anêmico... “Aê gato! Por deiz paus ti levu à loucura...e ainda recito haikais ” a suprema chatice dos moderninhos... lirismo zen (vergonha). Cadê o Leminski numa hora dessas? Zeus, onde está teu raio? Radicais sem sal nem adoçante dietético, tipo “música de raiz” que nunca ouviram Pixinguinha. Toni Negri sumiu... anda preso, mas usava ferro de passar roupa para fritar ovos (juro!!!), dizia ele que uma sociedade nova surgiria quando pervertêssemos o uso das comodidades da civilização (e olha que isso foi lá pelos idos de setenta). Quer coisa mais revolucionária (ou idiota) que usar o computador em que escrevo estas palavras para prender papéis ou escorar a porta? É preciso ser muito corajoso para dizer (e colocar em prática) uma coisa dessas. Não senhores, não pratico, mas ele sim, e ainda pegou perpétua por ser o “muso” inspirador das Brigadas Vermelhas.
Depois de passarmos pela galeria de horrores do século XX, o que podemos esperar deste novo? O melhor, suponho, mas ainda não esgotamos o poço de insanidade... O quinto poder explode aviões de encontro a edifícios. O fascista ofendido bombardeia em represália. Aí o circo está armado... parece briga de moleque... “foi ele... foi ele... mas ele quem começou... mas ele estava pressionando... ‘et patati et patata’...” Uma sábia amiga (psicóloga por sinal) me disse que tudo isso é fálico. Eles querem ver quem tem o maior. E quando eles medem o pau, todos nós sabemos quem acaba levando o bendito, não é?
Por que nós não entregamos o poder às mulheres? Não porque elas não têm falos para medir. Minto, é exatamente porque elas não se sentem compelidas a compararem seus dotes viris que estaríamos em boas mãos. As mulheres são mais práticas: Disputa territorial? Nunca! “Precisa de terra? Ok, você usa quanta precisar enquanto isso, me libera o uso dos seus portos e boa.” Economia é complicada e inútil como a maioria dos homens, partidas duplas, superávit, déficit, débito, crédito, juros compostos...Urgh! Troque todas as equipes econômicas por equipes de donas de casa, para ver se a coisa não funciona melhor. Guerra? Sem chance. Mas se inevitável, haveria bem menos sangue derramado... sem escolas arrasadas (“as crianças precisam crescer aprendendo que a melhor forma de viver é em paz”), sem hospitais em escombros (“imagina, o povo já está sofrendo e nós vamos dificultar ainda mais as coisas”), nada de destruir suprimentos do inimigo (“se eles se alimentarem bem, vão querer ir para casa tão logo possível”).
Talvez elas inventassem até um campeonato ou torneio para resolver as diferenças. Quem sabe, até Futebol (elas jogam um bolão!). Além do que, quem já ouviu falar em um batalhão de estupradoras com a faca entre os dentes e sedentas de sexo? Inconcebível, não? Sim senhores, um verdadeiro Éden, e neste Paraíso Recuperado, só haveria uma única função pública adequada para homens: segurar o dedo da presidenta de TPM que quer porque quer lançar os mísseis nucleares para todo lado. Bom, nem tudo é perfeito.