A Entrevista

Indigente mendigando pela pinga da primeira hora - foi a sensação que tive sentada naquele sofá. A coragem, antes da determinação, vem da necessidade. As idéias embaralham-se nas habilidades ou talentos necessários para alcançar meu intento.

Amadorismo puro é o que ofereço, mas de boas intenções diz-se que o inferno está cheio e o pior, com resultado algum, pelo menos digno. O rojão ricocheteia, me assusta e eu não ajo e muito menos quero reagir. Prostrada naquele sofá. Introspectivamente prostrada.

Fecho, por uns segundos, os olhos e penso como é difícil ser eu. Sempre opto pelo que não sei, pelo complicado, por ir contra a corrente, pelo boicote e acabo tendo como resultado: o não estatisticamente avançar. Se dou um passo a frente, volto dois para tras; então, mais dois passos a frente e pronto: estou no mesmíssimo lugar! Não quero, não quero e não quero mais emprego procurar!

Vontade de pular nesse sofá feito criança mimada, mas não posso me dar esse luxo, senão, lá vou eu mais um sem número de passos atrás. Vontade de chorar e só com isso me fazer entender. Vontade de colo de mãe, de não ser eu, de ser aquela pessoa que acabou de passar.Vontade de me reinventar... eu, diferente naquele sofá!

Luiza Moreira
Enviado por Luiza Moreira em 04/01/2007
Reeditado em 25/01/2007
Código do texto: T335859