Desordem

Quando chove aqui dentro fica uma inundação de dúvidas. Aquele que parecia ter partido às vezes aparece sem ser chamado, causando um sabor de coisas não vividas. A gente olha para as fotos e enxerga o que não ficou, o que jamais existiu. E lamenta. Será que um dia terei uma vida parecida com aquelas que todo mundo tem?

Tem gente que se encontra enquanto trabalha, na rua, numa casa abandonada, no meio da lama e gosta porque o exótico encanta. São assim que surgem as paixões. Quando procura, o que vem é desilusão, é saber uma quase certeza de que tem acasos que não vem mesmo. Já pensou se isso é pra você? Então, é assim. Nem todo mundo nasceu pra isso.

As tardes de sábado deixaram de fazer sentido há muito, o café acabou e não tem razão para se fazer mais, o vocabulário esvaziou-se e, não tem palavras, muitos menos frases. Cadê minha caixa de sonhos? Sei que ainda está cheia, perdida no meio da desordem.

Alguém veio aqui e bagunçou tudo de propósito para que eu não encontrasse. E eu permiti porque as forças um dia acabam e demoram a recarregar. Fácil mesmo é deitar na rede e esperar o sol se pôr enquanto o gato te encara sem entender seu drama.

Bom é quando a gente esbarra e sem querer aperta um novo botão, ligando tudo novamente, até a esperança.