"Miguelito"
Se existisse trouxa na vida, este era Miguelito.
Desde a escola, sempre foi passado para trás, honestíssimo em seus compromissos, católico beato, ia á missa todos os domingos, sempre ajudava nas quermesses.
Como todos sabiam ser ele um homem pacato, era mais procurado que o padre, sempre para resolver algum problema sempre financeiro. Só que resolvendo o problema do outro nunca mais veria seu dinheiro de volta.
Um comerciante inescrupuloso tinha uma amante, coisa normal na cidade. Aconteceu um pequeno erro de cálculo.
A moça, menor e da sociedade engravidou.
Pior que ela não tinha um amante, porém vários.
Houve uma reunião secreta, onde se ventilou, até no assassinato da pequena grávida. Como todos queriam resolver sem se envolver lembraram-se de Miguelito.
À moça foi dada uma bela quantia e ela teria que conquistar e casar com Miguelito em menos de três meses.
Caso contrário o plano falharia.
O encontro foi catastrófico, todas as olhadas, piscadas e indiretas não foram captadas pelo infante.
Miguelito era baixo gordo, quase careca, seu rosto imberbe lembrava bastante uma criança, só que maior.
Devia beirar os trinta, mas ninguém daria mais que dezessete. A mocinha deveria ter os dezessete, já tinha aparência de vinte e um ou mais.
Como sutileza não resolvia, ela apelou.
Pegou-o próximo a quadra e falou uma história fantasiosa, quase fantástica e de seu sofrimento pela sociedade, pela família, pelo pai que a mataria e Miguelito se condoeu, mas não tinha nem idéia de como orientá-la.
Aí ela deu a grande cartada, falou que tinha ele em grande estima e que se ele topasse ser o pai de seu filho.
Ele não disse sim e ela não esperou o não.
Como até sua família estava a par dos acontecimentos Miguelito foi apresentado como namorado, ela relatou aos pais o fato de haver engravidado dele.
O pai encenou uma raiva que passou rápido e quis providencias do rapaz (casamento).
Sr. Miguel Soares da Costa aceita a Senhorita Ana Duarte Hernandes, como sua legítima esposa, sim.
Srta Ana aceita o Sr. Miguel como seu legítimo esposo? Sim.
Miguelito já tinha casa montada, estavam todos felizes, algo aconteceu, numa pequena reunião familiar estavam Ana esposa e o casal de sogros. Todos saem quem é o pai da criança, menos eu. Este capitulo encerra aqui. O filho bastardo foi assumido. Mas de agora em diante, pequenas modificações, o passado será esquecido.
Eu sou o pai, os costumes de Ana como mulher solteira acabaram, vocês poderão visitá-la quando eu estiver em casa. Ela poderá visitá-los comigo se eu tiver tempo.
Agora ela é minha e faz o que eu mandar.
Provavelmente iremos para o sul, vai depender de negócios que vou fechar esta semana.
Cada um dos ex namorados de Ana foram visitados e tiveram que fazer uma doação para que seus nomes fossem preservados.
Com uma pequena fortuna de sua chantagem fez as malas e quando a sogra foi visitá-los teve a notícia, o casal viajou não se sabe para onde. A casa tinha sido vendida e o dinheiro foi depositado em sua conta.
Com muito amor e pulso firme, Miguelito fez com que Ana viesse a respeitá-lo. Antes disso ela tentou, mas teve a grata surpresa de encontrar no lugar de Miguelito, um senhor Miguel irritado que a colocou em seu divido lugar.
Moravam praticamente na fronteira, onde Miguelito tinha uma representação que comprava produtos da região e vendia para todo o território nacional, sempre com ótimo lucro. Nasceu um lindo garoto que todos viam ser a cara do pai, só nós e a esposa sabíamos que não.
Em seguida vieram os gêmeos, parece que Ana que perdeu os amantes, arrumou um super amante, tornando-se uma feliz dona de casa e se enamorando do marido.
Miguelito quando mostrou que era bom amante e bem dotado supriu toda carência afetiva da esposa.
Quando foram visitar os pais da moça, Ana estava totalmente mudada, não se separava do marido e dos filhos Os ex tentaram se aproximar, mas foram repelidos com violência. E assim um casamento que dificilmente daria certo teve um final feliz.
Oripê Machado