AMOR NA VISÃO TEMPORAL

Não raras as vezes me deparo com confissões de clientes e de amigos no sentido de que perderam muito tempo para começar um amor.

As justificativas são das mais variadas.

Uns dizem que imaginavam não devessem amar tão cedo. Outros que consideravam a liberdade como o mais importante. Outros que não tinham coragem de declarar seu amor para a pessoa alvo de sentimento tão nobre.

Com poucas exceções a maioria dos que me falaram e, ainda falam, a título de confissão sobre tais aspectos, se manifetou arrependida, o que é possível compreender.

Tenho para mim que a moeda mais importante para a felicidade é o tempo que gasto de forma desordenada significa um extraordinário desperdício sob o ponto de vista humano. Tal atitude é um verdadeiro pecado em relação à existência de cada um.

Na condição de criaturas que somos, resultados da ação do Criador, temos o direito e o dever de sermos felizes, já que como titulares do dom da vida devemos dar um efetivo aproveitamento dessa condição, não prejudicando os outros, ajudando quando tivermos condições e usando a nossa vida em favor da edificação da nossa felicidade.

Entretanto é lamentável constatar que nem sempre as pessoas agem assim, o que as faz com que permaneçam muito distante do amor e numa ausência conceitual de tal sentimento.

Isso torna os seres humanos áridos, com sentimentos mórbidos e com uma tristeza profunda em suas almas.

Martha Nussbaum, da Universidade de Chicago, no Portal Brasileiro de Filosofia, assim se posicionou: "Entende-se habitualmente que o amor é uma poderosa emoção que implica uma intensa ligação a um objeto e uma grande valorização desse objeto. Em algumas acepções, contudo, o amor não implica, de todo, emoção, mas somente um interesse ativo no bem-estar do objeto. Noutras situações o amor é essencialmente uma relação que implica permutação e reciprocidade, mais propriamente que uma emoção. Além disso, há muitas variedades de amor, incluindo o amor erótico-romântico, o amor da amizade e o amor filantrópico. Culturas diferentes também admitem diferentes tipos de amor. O amor tem, igualmente, uma arqueologia complicada: porque tem fortes conexões com experiências de afeto precoces, pode existir na personalidade a diferentes níveis de profundidade e nitidez, apresentando problemas específicos para o autoconhecimento. É um erro tentar fazer uma descrição excessivamente uniformizada de um tão complexo conjunto de fenômenos."

É de destacar dois elementos salientados pela estudiosa antes citada, quais sejam permutação e reciprocidade, haja vista que são fundamentais para estampar uma relação amorosa em qualquer categoria.

Se consultado sobre o assunto, Marcel Proust, o doutor do tempo, diria que como essa moeda é irrecuperável, não haveria outra forma de agirmos que não fosse o aproveitamento pleno do tempo ou da moeda restante. Ele, Proust, assim escreveu sobre este assunto: "O amor é o espaço e o tempo tornados sensíveis ao coração."

Por tudo isso eu concluo afirmando que aquele que ama nunca está no vazio, sempre sabe de onde veio, sabe onde está e para onde vai.

Somente o amor, em todas as suas fases, é capaz de nos ofertar a sublimação!