Placas de carros também têm poesia

Sempre fui um observador das coisas que parecem fúteis; elas me são mais verdadeiras que as leis que sou obrigado a obedecer cegamente no meu dia a dia sob o olhar ferrenho da Dama da Justiça.

Uma das futilidades que mais gosto de observar quando estou no trânsito, são as placas dos carros. Tanto pelas letras quanto pelos números que nelas são grafados. Tenho a mania de somá-los, quando chego a nove começo a somar novamente para ver que número vai sobrar. Por exemplo: 5147, sobra oito. Não tem nada a ver com nada. Apenas uma curiosidade infame - cultura inútil.

As letras são mais significativas, se observarmos com atenção veremos que, agrupando algumas placas, elas podem nos contar histórias interessantes, mas para isto, é preciso que se atente aos sons que cada uma delas representa. Exemplo: o G é Ge, o K é Ka. Foi assim que encontrei três exemplares significativos: KDU/ERA/REI. Você vai dizer que estou forçando a barra. Mas é isto mesmo. Senão não faz nenhum sentido prático e muito menos poético.

Um dia desses eu me deparei com uma placa que tinha as seguintes letras: M,E,L. Um verdadeiro achado! Fiquei maravilhado com tanta doçura. O veículo que a ostentava era um Gol completamente destroçado que serpenteava pela avenida com elegância e esmero. Resolvi segui-lo por alguns instantes até que fui obrigado a ultrapassá-lo. Quando vislumbrei o semblante do condutor, fiquei sem saber o que pensar: era uma cidadã de meia idade que mais parecia a minha querida avó! Inesperadamente abriu-me um sorriso de orelha a orelha, para logo em seguida dar-me um adeus como se me dissesse: “um dia chego lá”.

Após ultrapassá-la olhei pelo retrovisor para certificar-me de que tudo estava correto. Para meu espanto, ela estava me mandando beijos!

É por isto que insisto para que você observe vivamente as placas dos carros. Quem sabe você também não ganha um presente tão doce quanto esse?

UFA/QUE/GOL!!!