O Baile de Máscaras.
São tão belos os rostos. Mas há também os feios.
Polidos e estupidos, vestidos em puras sedas, ou em calças semelhantes a sacos de batata.
Todos compartilhando a mesma cova quando a hora chegar.
Me mostre onde está a diferença?
Andamos todos mascarados no jubilo de comemorações hipocritas, gritando julgamentos, sentados sob o proprio rabo mal limpo, para apontar que o outro também esconde.
Caminhando entre pecadores e pecados. Cada um mente para sí, talvez só pelo conforto.
Cada qual despindo, e trocando suas mascaras para parecerem melhores. Que quem? Para quem?
São todas as palavras de misericórdia e protesto, as agressões e o poder deturpado dos olhares imparciais, agressores de um mundo covil, onde os homens se aturam só pela necessidade.
Hipocritas, eu grito, mas também me escondo, na maioria das vezes só de mim mesma.
A valia de cabeças dependuradas no teto do açougue ou como o gado pronto para o abate. Me sinto, me sento e espero.
Nesse baile de mascarados, desfilo eu e minha cara limpa, eu e meu rabo sujo, é, eu tenho um sorriso irônico no rosto.
É tudo uma imensa merda, gigante, daquelas que você pisa e perdeu o tênis.
Um Sistema burro, e vicioso, há tão pouca esperança no mundo, toda essa intolerância marcada no rosto, as pessoas dançando no Baile da vida, dia pós dia, sem saber o porque.
Acompanham o ritmo, o que lhes parece, consomem o que é dado, o conforto semeando o ódio.
Há tão pouca fé em algo, que as vezes a gente nem sabe no que acredita.
E todas as mascaras de nada valem, porque no fim do dia, todas as pessoas são somente cegos, perdidos em seus próprios tiroteios, perdidos...em seus proprios tiroteios.
Charlene Angelim