"O Asilo".

As coisas aqui no Asilo são todas iguais, nada muda, a rotina é angustiante. Quando acordamos, ou somos acordados, vamos para banheiro comunitário, fazemos nossas necessidades, onde alguém com deficiência é ajudado pelas irmãs. Após, somos levados a um enorme refeitório onde tomamos café com leite e pão, após tomamos remédio e saímos para o pátio. Se houver interesse, também tem missa na capela, caso contrário, só tomar sol. Por volta de onze, onze e meia, é a hora do almoço, após o almoço, se quiser, o dormitório está liberado. As dezesseis e trinta é a hora da janta e as vinte horas é a hora do chá. Esta é a rotina no Asilo, alguns mais afortunados, recebem visitas. A maioria como eu não recebe ninguém, perdemos até a identidade. Somos apenas “Tio” Muitas vezes você acaba até se esquecendo de seu nome identidade etc. Todos os documentos que você possuir ficam retidos na Central. Quando você entra para o Asilo, é feito procuração de seus direitos e sua aposentadoria ou qualquer benefício que você possa ter, passa para o Asilo. Mas mesmo não tendo nenhum benefício você é aceito também e o tratamento é igual. Há muito tempo atrás eu era casado, minha esposa era advogada, e trabalhava em uma grande empresa multinacional. Eu era engenheiro e também trabalhava em uma empresa enorme, ganhávamos muito bem. Tínhamos nosso carro cada um o seu, Nossa cassa era uma pequena mansão e fazíamos uma reserva em investimentos, para o futuro. Não tivemos filhos então teríamos uma velhice feliz. Quando aposentei e logo após minha esposa, fizemos um tur. pelo mundo, pois queríamos conhecer a terra de nossos pais, ela a Espanha e eu a Arábia, que sou descendente. Conhecemos a Espanha e suas touradas Vimos de perto as grandes pirâmides enfim ficamos quase um ano só indo para lá e para cá. Quando voltamos resolvemos nos mudar para um condomínio fechado e vendemos nossa casa. Não havia necessidade, mas pegamos o dinheiro e voltamos a investir. No condomínio havia vários tipos de recreação só que não estávamos acostumados a este tipo de vida. Então assumi a biblioteca e ela o computador. Mal tínhamos tempo de conversar. Sem saber criamos um monstro em nossa casa o stress. Ela ficou doente e investi muito dinheiro em sua saúde sem nada conseguir. Ela talvez vivesse, se nossa vida fosse mais sociável se vivêssemos em comunidade. Só que éramos eremitas dentro da cidade. Enfim ela morreu, mesmo com toda despesa que tive me sobrou muito dinheiro. Ai surgiu a Zilda. Uma moça de vinte e seis anos que representava uma firma de investimentos com a qual eu trabalhava. Nossos encontros eram diários e este convívio nos tornou amigos.
Todo dia ela me telefonava e até nos seus dias de folga da empresa, sempre fazia algo para nos encontrar. Ela era linda, uma esportista nata jogava tênis, esquiava,corria, era uma atleta. Curiosamente ela se apaixonou por mim. Disse que a idade não era nada e que estava perdidamente apaixonada, e eu bem... Eu também gostei. Expliquei para ela que por causa da idade eu nunca poderia acompanhá-la em seus esportes, que dificilmente daria certo. Ela falou se você pensa que é por seu dinheiro pode ficar sossegado mesmo que você fosse pobre eu moraria com você em um casebre o importante é nosso amor. Veio para minha casa de mala e tudo sem exigir nada em troca. Bem como eu estava restrito não podia dirigir ela contratou um primo seu, de acho dezenove ou vinte anos. Eles se davam muito bem, mas a partir de alguns meses as coisas começaram a mudar, ela saia com o motorista direto e suas despesas não eram nada pequenas só que este não era um problema, pois meus investimentos agüentariam.
Certa vez dei um flagrante nela discutindo com o rapaz e pareceu claramente que eram cenas de ciúmes. Nesta época eu já estava jogado a um canto qualquer, ela nunca tinha uma palavra amena só vinha de sua parte rispidez. Vi que o relacionamento havia terminado. Mas ela queria tudo que eu possuía. E seu motorista e amante era seu cúmplice e se preciso fosse me matariam a qualquer hora, Fui consultar um advogado que disse que infelizmente ela iria tirar quase tudo que eu tinha, mas que ele poderia amenizar mediante uma cobrança de algumas porcentagens. É pedir ajuda ao diabo para se livrar do inferno. Ciente disso ela sorria e me fazia passar raiva e medo. Raiva por sido tão bobo e medo pois a qualquer hora eu poderia ter um acidente e visitar a terra dos pés juntos. Resolvi trocar de carro vendi o nosso carro e comprei um dos mais modernos, ela vibrou, quase senti amor em suas palavras. Falei também que ia reformar o apartamento que ela adorou e trouxe todo tipo de artista para decorar a sua casa e do amante. Todas estas despesas foram financiadas em meu nome. Depois fiz empréstimos e coloquei a casa como garantia, fiquei com muito dinheiro vivo em casa e muita divida para pagar. Se eu quisesse poderia saldar a dívida e sobrar dinheiro, mas eu não queria isto. Fiz várias doações em nome de entidades até que o dinheiro acabou. Vim até este asilo e mostrei o depósito que fiz de enorme quantia em nome da entidade. Falei para a madre superiora que eu era bandido e que havia me arrependido e quis doar para a entidade o que me restou. Só que eu queria asilo para morar.
Disse não ter documentos, mas se eles não me aceitassem eu faria o estorno, pois tinha provas nas mãos de alguns amigos. Mas minha intenção era só morrer sem ir para a cadeia eles acreditaram. A minha ausência em nada os abalou, apenas ficaram preocupados quando começaram chegar às cobranças. O carro foi levado de volta pela financeira. Todos os meus bens foram embargados pela justiça e aí surgiu um repórter destes sensacionalistas que levantou a hipótese de homicídio, segundo ele fui morto pelos dois, pois já havia descoberto que eram amantes e então tiveram que explicar meu desaparecimento. A pressão era forte e eu a vi na reportagem das oito horas, ela com os cabelos desgrenhados parecia que tinha cinqüenta e não vinte e seis. O fechamento com chave de ouro, foi quando começaram acusar um ao outro. Infelizmente só não poderia comentar, mas por dentro estava gargalhando. Consegui deixar para eles uma herança um crime, que com certeza seriam presos e pagariam por isso.

Esta crônica é apenas uma ficção para alertar esses coroas que conseguem fazer moçoilas se apaixonarem perdidamente. Já vi mulheres se apaixonarem perdidamente por homens pobres, Só não vi nenhuma realmente apaixonada por velhos ricos. Por quê? Mistério!!.


OripêMachado.
Oripê Machado
Enviado por Oripê Machado em 22/11/2011
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