A CÂMARA SECRETA DO CORAÇÃO

Ah paixão inesquecível que tem a força de uma corrente que leva tudo embora, menos as lembranças que teimam em fazer remansos e redemoinhos dentro da alma... Contudo, as lembranças de um grande amor podem servir de ponte para se chegar à percepção e à consciência de que estamos mudando, sofrendo e aprendendo, principalmente na dor. Aprendemos com o sofrimento, depuramos o nosso sentir. Lágrimas podem lavar o rosto e a alma. Mas não as deixemos sufocar, envolver e inundar tudo. É bom cultivar o melhor de cada momento, regando-o também com a alegria e com o perfume da esperança, essa preciosa semente que já contém no hoje, no agora, tudo o mais que vai ser. É preciso que se viva o presente, acima de tudo e apesar de tudo... Como diz o velho ditado da sabedoria popular: "águas passadas não giram o moinho..." E as lições do Buda, espreitando dentro de cada um: “passado, passado, já passou”... Futuro, futuro, ainda não chegou... O presente, o momento presente, é o ponto mágico do encontro de todas as possibilidades... Resta-nos, então, perceber a beleza indescritível do hoje, de cada instante, “o pão nosso de cada dia” - como diria o Mestre dos Mestres - que alimenta e dá substância. Esse é o nosso mais precioso tesouro... Vivamos intensamente o presente, a nossa dádiva, a oportunidade de crescimento e de transcendência na direção do Absoluto. Haverá, com certeza, um sorriso nos esperando na primeira esquina... Mas antes, é preciso estar aqui. Aqui mesmo onde sempre estivemos: na câmara secreta do coração. Ancorados nesse momento de amor que pulsa, vibra, respira, inspira e impulsiona para frente, irrigando e iluminando o caminho. As mágoas, as lágrimas, os ressentimentos e as dores, e tudo o mais que nos rodeia – até mesmo as lembranças de velhos amores -, nesse momento mágico que agora fazemos, tudo isso se transforma em fardos leves de Luz. Nada mais breve, nada mais eterno que esse intenso e perene brilho da Luz.

(Crônica inspirada no texto "Te amo tanto", de Jeny, aqui do Recanto)

José de Castro
Enviado por José de Castro em 03/01/2007
Código do texto: T334991
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