CAMINHADAS

Nas minhas caminhadas de final de semana aproveito para observar um pouco o ser humano. Observo que as pessoas estão cada vez mais sós, embora caminhem sempre falando ao tele-fone. Muitas vezes o fone está conectado ao ouvido e não se vê o pequeno aparelho, dando-nos a impressão de que elas estão loucas, falan-do sozinhas.
Um homem caminhava depressa e falava sem parar, xingando alguém e despejando todos os palavrões possíveis. Confesso que aprendi alguns novos, embora o meu repertório não seja dos me-nores. De repente ele se engasgou e, natu-ralmente aproveitando a oportunidade, a pessoa do outro lado deve ter-lhe dito: é engano, quem fala não é a Maria.
- Desculpe-me, disse ele, devo ter discado o nú-mero errado.
Pensei então: gastou todo o seu latim pra pessoa errada. Menos mal, evitou dizer tantas coisas ruins para, talvez, alguém da família. Vai ter tempo para pensar mais um pouco e, talvez, esfrie a cabeça. As palavras, depois de profe-ridas, não voltam mais e a ferida causada pode até secar, mas as cicatrizes ficarão.
Logo me desligo dele e começo a observar a senhora que traz um cachorro branquinho, com laço de fita na cabeça e uns sapatinhos com o emblema do Fluminense. Olhei bem pra cara do cachorro e tirei a seguinte conclusão: ele era Flamengo e devia estar muito injuriado, sendo obrigado a usar os sapatinhos do clube adver-sário.
Já tive cachorro e sei que a gente se apaixona por eles que ficam sempre felizes quando nos veem, ao contrário da tartaruga que não faz a mais mí-nima demonstração de alegria ou tristeza. Parece que todas são feitas de plástico e sem coração.
Atualmente as pet-shops estão por todo lado. Vejo senhoras que entram procurando a última iguaria que viram anunciada na TV. Saem da loja felizes e não veem uma senhorinha que deve ter uns noventa anos, pedindo esmolas.
A senhora e o cachorro se foram, mas logo vem uma outra que traz um galo amarrado, como se fosse um cachorrinho. Logo o galo que é uma ave imponente, que está acostumada a andar pelo terreiro se sentindo um rei, o que realmente é, já que tem sempre muitas galinhas e um só galo em qualquer galinheiro que se preze.
Vamos amar os animais e tratá-los bem, mas não nos esqueçamos de que a nossa espécie está precisando de carinho, agasalho, comida e aten-ção. Muitas vezes só uma palavra já faz alguém feliz.

 
edina bravo
Enviado por edina bravo em 22/11/2011
Reeditado em 06/02/2014
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