ENFIM A MENINA RESSURGIU

Seus sonhos eram os de uma menininha do interior, de uma vila remota, e imensamente bela.
Ali, ela, vivia cercada por um paraíso perdido no tempo e no espaço. 
A sua volta florestas repletas de pinheiros, e araucárias, sua árvore preferida.
Além das estripolias, traquinagens, que adorava fazer, era apaixonada pelas letrinhas, queria tanto descobrir a magia de uni-las, e decifrá-las. 

Amava o quintal de sua casa, com pés de frutas doces, galinhas, patos, marrecos, porcos, e um rio de águas mansas que o cortava, bem ao meio.
Sua travessura predileta era;  pegar os pintinhos de dentro do galinheiro, e ver a galinha, ficar arrepiada de horror, e disparar até a cerca, pra tentar reaver o seu precioso filhotinho.
Andar pelos caminhos encantados daquele vilarejo, tão seu conhecido, era das coisas que mais gostava de fazer. Catar amoras vermelhas e docinhas, visitar os fornos de cal, andar em  seus trilhos. Sentar-se ali, apreciando a bela paisagem a sua volta, lhe fazia crer, que não havia outro lugar tão lindo como aquele que ela morava.

Um belo dia porém, o inverno se abateu sobre o seu paraíso, nuvens pesadas e escuras, fizeram os dias cinzentos.
Ele, resolveu levar a flor mais rara e preciosa do jardim daquela menina, pra com Ele morar.
Não houve oração, nem promessa, ou mesmo barganha que desse jeito. 
Ele estava decidido, e quando Ele decide, está decidido.

O sol voltou a brilhar no firmamento, em seguida daquele inverno, que a menininha pensou que nunca mais fosse acabar. 
A primavera rompeu, e com ela botões de rosas, cravos, margaridas, dálias, lirios, voltaram a desabrochar. Jardins coloridos, acolheram belas borboletas, que deixaram seus casulos, e pousaram sobre as flores.
Pássaros, sairam atarefados, em busca de alimentos para seus filhotes. 

Só a menininha, não conseguia sair do inverno frio e cinzento em que seu coração hibernou.
Perguntava todo dia a Ele: por quê,  o Senhor levou ela de perto de mim?
Mas, o silêncio foi a única resposta, que ela conseguiu alcançar.

O mais engraçado é que a menina, nunca ficou zangada com Ele, lá no fundo, tinha certeza que Ele, sempre fazia o melhor.
E essa confiança Nele, foi o que fez a garotinha, sair do mais longo e frio inverno de sua vida.

Um dia, ela acordou, e olhando pela janela, ficou encantada: afinal a primavera havia voltado a colorir com as cores do arco íris, toda paisagem da vila e da vida.
Aquele inverno rigoroso e cinzento, demorou um longo tempo, adentrou muitas primaveras,  mas finalmente passou.
Enfim a menina ressurgiu! 




(Foto da Autora)
Lenapena
Enviado por Lenapena em 21/11/2011
Reeditado em 21/11/2011
Código do texto: T3347812