NÃO ERA ELA...
NÃO ERA ELA...
Não faz muito tempo, se bem me lembro,
Que te conheci
E quando pensei te esquecer, já não consegui.
Se passavas por mim com aquele teu requebrado
Pra cima e pra baixo; pra lá e pra cá,
Eu parava de pensar...
Foi uma perdição!
Onde tu ias eu te seguia.
E se tu ameaçavas voltar eu me esgueirava
Entre a multidão, juro,e me escondia.
Por algum tempo perdi o raciocíneo.
Fiquei conturbado e passei a ter idéia fixa.
Só via aquele BALANÇO pra cima e pra baixo
Pra lá e pra cá...
Fiquei ciumento, posseso, exagerdo
Pra dormir tomava água doce, chá de mate
Ou de amor-deixado.
Certa vez, vi alguém tomando o ônibus
E me bastou ver aquele trejeito de subir e gingar
Pra lá e pra cá, de maldade
E tive de gastar meu último cruzeiro, de taxi,
Perseguindo um BALANÇO que não era o seu...
Foi um vexame, que fazer, mas foi verdade.
Um dia, em pleno borborinjho da multidão,
Alguiém roçou, junto a mim, esbarrou na minha mão,
Achava-me tão distraído, que nem percebi.
Despertei,olhei e vi, o mesmo BALANÇO
Pra cima e pra baixo, pra lá e pra cá.
Ah! não exitei.
Os cabelos caiam-lhe nos ombros, esvoaçantes
E eu não lhe podia ver a face nua,
Que por certo era a sua.
Calça bem colada, mostrando o vinco da calcinha
E o msmo o BALANÇO pra lá e pra cá...
Pensei, é a maluquinha! Acelerei o passo.
E quando já muito próximo me senti,
Cingi aquele corpo desejado
E "taquei-lhe" o ósculo do amor apaixonado
E quando "Ela" virou-me os olhos
maravilhados,
Não posso descrever o que senti.
Estremeci,estupaciado.
Não era ELA. era um, TRAVESTI
Ciro