Dizem os cientistas…

Que Deus não existe, não apenas por falta de fé, mas apenas por uma mera evidência teórica da ciência, porque nela Deus não tem lugar, não se enquadra nas suas fórmulas, nas suas equações matemáticas, no seu racionalismo, na sua lógica, nas leis através das quais tentam explicar tudo, tentam que tudo tenha uma lógica à luz da sua religião que é a ciência…

E por isso repararam que não há qualquer tipo de axioma que justifique a existência de Deus, repararam que no final de todas as fórmulas os resultados podem ser diversos, e por vezes aleatórios e um pouco loucos como na física quântica, mas não encontram de facto nada que justifique a presença ou o sentido de um Deus…

Mas…

Eu um dia também vivi o agnosticismo e o ateísmo desses cientistas, entendo a sua lógica de pensamento, mas acho que tanta lógica retira lugar à emoção…Tanto racionalismo limita a sua dinâmica de pensamento…

Eu sei porque já pensei como eles…

Mas aprendi que a vida é um campo demasiado belo e demasiado sensitivo para a limitarmos a ser meramente explicada, racionalizada…

Porque há uma altura em que nos devemos guiar não pelas leis, não pela razão, mas sim pelo que sentimos…

Porque quem se guia só pelas leis e pela razão da sua programação lógica são as máquinas…

Porque não há fórmula, não há matemática alguma que explique um sentimento, que defina uma sensação…

Se há alguém que pode fazer tal serão porventura os poetas…

Porque apesar de ser também lógico e racional não sei explicar a minha crença num Deus…A única forma de o explicar é o facto de sentir um algo de intenso e ao mesmo tempo suave, um algo que não consigo explicar quando o sinto…

Perante os cientistas este sentir seria algo de ilógico, de irracional…

Mas esses cientistas fechados nas suas certezas jamais entenderão o apelo de algo, não com voz que não acredito que Deus fale comigo, simplesmente uma presença, um algo que sei que existe porque o sinto…e que eu saiba matemática alguma, equação alguma consegue traduzir tal…

Um dos mais celebrados cientistas da história, um deus para muitos dos cépticos teve algumas frases curiosas que eles curiosamente ignoram, quando o citam em tudo o resto…:

“A luz é a sombra de Deus…”

“As coincidências são a forma de Deus se manifestar…”

Não digo nem que concordo nem que discordo com essas frases, limito-me a citar essas frases precisamente porque vieram da mente de um homem que ao mesmo tempo tentava decifrar os mistérios do universo, do tempo, do espaço…

Porque não sou do tipo de acreditar na intervenção de Deus, que é ele que condiciona as nossas vidas, os nossos destinos, que é ele que vela pela humanidade e demais coisas que outros crentes subscrevem mas eu não…

Acredito em Deus porque houve uma altura da minha vida em que o senti, porque a partir dai me sinto acompanhado quando estou sozinho e quando me quero sentir acompanhado, porque cheguei à conclusão que de facto nem tudo tem ou terá explicação, porque a lógica e o raciocínio não são as leis absolutas do universo…

Se houver uma lei absoluta será a lei das sensações…

Porque a ciência pode explicar a atracção sexual mas é incapaz de explicar o amor como sentimento…

Porque a ciência pode explicar o ódio, mas será capaz de explicar realmente o que ele é…

Porque a ciência por exemplo jamais explicará a sensação de prazer que temos ao ver quem amamos, a sensação que temos quando tocamos essas pessoas, uma sensação que pode durar o resto da vida mesmo que nunca mais voltemos a tocar essas pessoas…

E acredito apenas porque o Sinto…

Porque a ciência pode um dia explicar tudo ou quase tudo, mas duvido que possam remeter o amor a uma razão, explicar o amor numa mera equação…

Porque no dia em que tudo for racionalizado as coisas passam pois a serem muito, demasiado estranhas…

Porque quando olho o céu à noite tenho vontade de o pintar, vontade de o explicar ao mesmo tempo em que tenho simplesmente uma vontade enorme de o ficar a ver em silêncio e a sentir esse céu…sem palavras, sem nada, limitar-me meramente a sentir esse céu…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 20/11/2011
Código do texto: T3346616
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