AINDA SOMOS QUASE OS MESMOS

O tempo transcorre, enquanto os homens correm alucinadamente na busca de novas descobertas e aperfeiçoamentos de técnicas, nesse permanente exercício da inteligência humana, sempre a serviço natural da lei do "menor esforço". Desde a descoberta do fogo, da roda, da pólvora, da energia elétrica, do motor, do rádio, do avião que assim vai se fazendo a história do homem, surpreendo a todos nós pelo onde já chegamos e pelo onde ainda chegaremos.

Envolto em toda história de descobertas, desenvolvimento e tecnologia, pouco evoluímos no entendimento dos nossos sentimentos. Pouco se descobre ou se desenvolve sobre o conhecimento dos sentimentos, das emoções. Claro que surgem novos conceitos, teorias, convenções, mas as dores da saudade continuam as mesmas e não sabemos explicar. A solidão, a busca pela felicidade, pelo bem estar, continuam sendo mistérios encalacrados no íntimo de cada um de nós.

Buscamos e evoluímos até, no contexto do coletivo, da sociedade com um todo. Adequamo-nos a evolução e desenvolvimento da tecnologia que vamos usufruindo e nos confortando com os ganhos e a praticidade da vida cotidiana que se nos vai permitindo. Mas quando nos colocamos na condição de indivíduo uno, quando nos recolhemos a nossa individualidade, quando recorremos a nossa intimidade e aos nossos conceitos próprios, percebemos que tudo que nos rodeia, todo o conforto material, toda preparação profissional, toda segurança baseada em recursos práticos de que dispomos, não resolve nossas angústias, nossos medos, nossas tristezas, nossa solidão, nossos sentimentos existenciais.

E assim a humanidade vai se aprimorando em termos materiais, numa velocidade que até nos assusta, numa disputa acirrada com o tempo que se passa. Mas a alma continua quase a mesma. As dúvidas dos motivos da nossa existência, da nossa missão, do nosso querer mais íntimo, caminham a passos muito lentos. Se hoje, no século XXI, temos essa necessidade latente de nos apegarmos a um ser superior, para afagar as angústias dessas nossas dúvidas, seja através da representatividade de Cristo, ou de Buda, ou de Ala, ou seja lá que religião, que cada pedaço da humanidade cultiva, continuamos sendo muito parecidos ainda com índios, ou com os "homens das cavernas" que se apegavam ao Sol, a lua, às águas ou outro qualquer símbolo para explicar suas angústias e confortar suas almas.

Talvez, por tudo isso, é que resiste a figura das benzedeiras, das curandeiras. Talvez, por tudo isso, o ocultismo, com suas cartas, espíritos, tarôs e toda magia dessa cultura ainda viva tão fortemente em nosso meio, em pleno século XXI. Esse misticismo sim, contempla não só o coletivo, mas também e principalmente a intimidade de cada ser.



Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 18/11/2011
Código do texto: T3343402
Classificação de conteúdo: seguro