SADDAM ESTÁ MORTO!
SADDAM está morto!
Pessoas saíram às ruas para comemorar. Cantaram, dançaram e gritaram palavras de ordem. No entanto, nenhuma das vítimas do ex-ditador compareceu a essas manifestações de “liberdade”. Certamente, cantam e dançam – ou lamentam e choram – em outra dimensão com as vítimas de Pinochet ou mesmo com as do World Trade Center, à mercê da ditadura declarada ou do regime subliminar. Afinal, a “libertação” do Iraque, assim como a alforria de todo o mundo árabe, recai numa masmorra denominada Casa Branca. Aliás, enquanto Saddam era executado, o “dono” desta Casa (e do mundo) refugiava-se num abrigo subterrâneo, sob a ameaça de um tornado. Mas o tornado passou longe do rancho de Mr. Bush e foi verificado em vários lugares, principalmente no mundo islâmico, entre comemorações e protestos. Enquanto isso, em algum lugar, Mr. Blair goza férias anônimas. Estaria, porventura, entre os encapuzados algozes?...
Saddam está morto. E isso é tudo. Seus crimes são incontestáveis. Seu julgamento, nem tanto. E a pena de morte segue seu ciclo de execuções e polêmicas. Não vai solucionar os problemas do Iraque, onde a morte é algo que dá pena. E isso é tudo. No entanto, em certos países, considera-se uma pena que determinadas questões políticas acabem numa grande pizza cujo sabor é de morte!
O Brasil é um país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza (que beleza!). Em fevereiro, tem carnaval. E o povo extravasa a dita dor em alguns dias de folia. No alto do morro, Cristo, de braços abertos ou sob ordem de mãos ao alto, contempla o desfile cujas alegorias envolvem tanto dinheiro quanto campanhas políticas. Quiçá, do alto do morro, Cristo observe que, a exemplo de uma faixa de Gaza, existe uma linha vermelha. Bobagem. No Brasil, não existem homens-bomba. Talvez, homens-bobos, bombardeados por outros que não têm nada de bobo. Certamente, alguns galhofeiros foliões surgirão com uma corda no pescoço e convertam a dita dor num lancinante grito de alegria. Como diria Cristina Cabral, o carnaval é um milagre...
Saddam está morto. E isso é tudo. Conforme seus crimes hediondos, perdeu as almofadas no paraíso, rios de puríssimo leite e cem virgens reservadas por Alá. Agora, arde no mármore do inferno, como sentenciou um de seus algozes. Nós, deitados eternamente em berço esplêndido, contemplamos as imagens que tomaram conta da mídia mundial. Sob o nosso formoso céu risonho e límpido, muitos vivem (ou sobrevivem) com uma corda no pescoço. Entretanto, ninguém sobe ao cadafalso. Porém, CADA FALSO político segue em ascensão, inclusive, em seus níveis salariais. Fazem ouvidos curdos – digo, surdos – às necessidades do povo, que, por sua vez, segue relegado ao papel de xiita - a macaquinha do “Taarzan”, conforme a anedota popular. Yes, nós temos bananas!