Num canto

Definitivamente, ser só não é nada legal! Mas calma, também não é algo de outro mundo. Dá até pra segurar a onda, tipo assim por uns dias – os de “feira”, claro! Nesse momento penso: maldito final de semana! E aí quando chove a desculpa é das melhores para aquela perguntinha fatal da segunda-feira fossática: e aí, como foi o fim de semana?! Argh!

Cheguei à conclusão, fim de semana passado – que fez sol –, que odeio casais! Esse povo se lambuza da saliva do outro – eca! –, tudo junto ali, restos de comida, vestígios de cáries, o jantar de ontem, saliva, saliva, saliva. Que horror!

Consegui me perder em várias teorias nesse tempo que me recolhi a um momento introspectivo. Consegui perceber como minha pele fica oleosa em novembro e que, quando isso acontece, fico cheia de espinhas. Percebi que o esmalte na minha mão só fica bom no primeiro dia, no segundo uma ou mais pontinhas descascaram e eu nem fiz nada de extravagante, tipo: arrancar minha calça jeans, minha blusa ou a calcinha mesmo às pressas. Ai meu Deus!

Percebi que eu me importo e muito com o que as pessoas me dizem e quando elas se calam fazem uma falta danada.

Percebi que os romances da Meyer precisam de uma revisão. Poxa, quero chorar mais!

Percebi que não saio do lugar há mais de cinco anos; não amo mais o cara que sempre amei – me cansei de esperar o quando-estiver-pronto dele. No fim, ele nem fez falta, já que me ocupo de outras faltas no momento.

Percebi que há um bocado, mas um bocado mesmo, de problema comigo. E que eu preciso mesmo me cuidar. Há mais goteiras em mim do que na minha casa ainda em construção. Chove mais em mim do que lá fora, e olha, faz tempo!

Queria voltar atrás e não dizer.

Queria voltar bem mais atrás pra esquecer.

Queria fechar.

Queria apagar.

Queria abraçar mais...

Definitivamente, ser só pode ser até legal. Dói pra caramba. Parece que me mudo toda semana. Mas, poxa, conheço cada lugar incrível. Em alguns tenho vontade de voltar, em outros nem tanto. A cada mudança me organizo mais, distribuo o que não quero em silêncio, num lago solitário sem endereço certo que eu mesma criei. Às vezes tenho medo do anonimato que fantasiei para estar, mas, por enquanto, preciso dele até encontrar um lugar pra, definitivamente, morar.

AnaNunes
Enviado por AnaNunes em 16/11/2011
Código do texto: T3339362
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