O Retrato do Cretino Tradicional.
A vida está uma maravilha!, explicita o dito cidadão, sem que lhe perguntem.
"Olha que sol, meu amigo, olha que céu, que dia lindo!"
O amigo olha em conjunto, tentando de alguma forma digerir ou mesmo fugir da situação.
Incansavelmente, homenagenado a si mesmo, continua...
"Tudo flui, tenho um emprego dos sonhos, uma mulher maravilhosa, e ainda mais agora que terei um filho, minha vida se enche de sentido e razão. Minha casa é grande e nos finais de semana e feriados os meus amigos aparecem para festejar com churrasco e cerveja. Todo mundo junto e misturado, fazendo a alegria com pagode, samba, violão, emoção e paixão. Também ouvimos musica sertaneja, dançamos e falamos besteiras, um pouco de tudo, das novelas, futebol, jogos de azar jogamos também, e até falamos da vida alheia, pois sem uma fofoquinha ninguém vive, não é mesmo? Rapaz, tenho trabalhado demais! Meus dias vão de vento em polpa, com hora extra e tudo. Meu chefe é dos bons, vai regularmente à missa conosco, freqüenta o grupo de oração, é ministro de eucaristia e líder do encontro de casais reformados pela prática do bem".
Tudo bom! Tudo ridículo! Eis o papel do cretino nacional, o homem-comum, o homem-ceroulas, o homem-merda, o homem-de-si-para-si.
SAvok OnAitsirk, 16.11.11.