DIFERENÇAS DE IDADES
A NOTÍCIA
A química da diferença de idade
Os astros americanos Demi Moore e Ashton Kutcher são um dos casais mais pop dos últimos tempos. Juntos há quatro anos, eles não escondem a felicidade da união. Nem a idade. Kutcher é 16 anos mais jovem que Demi. O relacionamento dos atores se tornou ícone de uma tendência crescente e comprovada por pesquisas no Brasil e no Exterior: romances em que as mulheres são mais velhas do que os homens estão em alta como nunca. Uma vitória contra o preconceito e a favor da diversidade nas relações.(...)
(...)Esses amores podem acabar – como qualquer outro. Não necessariamente por causa da idade, mas porque a vida a dois precisa de aceitação e tolerância para dar certo. O que importa é existir prazer, alegria, companheirismo. A data de nascimento na carteira de identidade é só um detalhe.
Leia a reportagem completa aqui : http://www.istoe.com.br/reportagens/46116_A+QUIMICA+DA+DIFERENCA+DE+IDADE?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage – 31/01/10
_____________________________________________
A CRÔNICA
Compositores e poetas já disseram que “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, que “a dor da gente não sai no jornal”, que “panela velha é que faz comida boa”, enfim, a literatura e a música já tiraram de letra, ou melhor, colocaram nas letras, com todo o lirismo que cabe, as desavenças, diferenças e preconceitos quanto às escolhas que fazemos. Não julgo se é oportunismo financeiro, nem se é afirmação de resistência contra o inexorável envelhecimento. Não afirmo que seja vontade de manter uma virilidade a custa de estímulos de corpos sarados, não afirmo que seja uma vida hedonista simplesmente. Nesses temas eu ajo como agiria um político: “não sei de nada.”
Deixem-me então apenas contar um caso? Pois eis que meu pai, casou-se - depois de enviuvar por duas vezes - com uma moça bastante mais nova do que ele. Muito mesmo. Acho que ela é da idade da minha irmã mais nova, a nona filha da penca de irmãos que tenho. E a moça também ficou viúva muito nova e com duas filhas que hoje já se encontram em adiantado estado de “rapariguês” (em bom português lusitano, diga-se, para não ser confundido com o politicamente incorreto que é chamar uma moçoila de rapariga aqui pelas nossas bandas. Lá em Portugal rapariga é o mesmo que moça nova, adolescente. No Brasil tem um sentido pejorativo pra danar.) Não é o caso das duas donzelas. Elas tratavam o meu pai por vovô, assim como seus tantos netos e bisnetos.
Então, imaginem uma cena num restaurante para um jantar com uma parte de seus filhos, de seus netos e a mulher com as duas filhas juntas. O garçom, coitado, ficou mais perdido do que cachorro caído de caminhão de mudança escutando os diálogos no seu vai-e-vem. Era vovô pra cá, pai pra lá, meu bem de acolá. O cara deve ter pensado: Ou esse sujeito é um depravado ou resolveu repovoar o mundo. Quem é pai de quem, quem e filho de quem, quem é neto? As moças chamando-o de vovô e a mulher do meu pai sendo por elas chamadas de mãe. Os netos consanguíneos chamando a mulher de meu pai seu próprio nome, em vez de mãe. E meu pai, ao mesmo tempo sendo avô das meninas que são suas enteadas. Vi que o garçom foi ao fundo e chamou um senhor, cochichando-lhe ao pé do ouvido, talvez o gerente ou dono, (imaginei pedindo-lhe para chamar a polícia). Entrei em socorro, explicando o formato da nova família. Ele me disse que não era nada daquilo, só queria saber se o sujeito era algum famoso para pedir um autógrafo.
(Uma singela homenagem ao meu amado pai - 1929/2011)