A prece do feriado da República

Estou mesmo meio macambúzio, meio pra baixo esses dias, primeiro porque parece que um costumeiro tédio me chega sempre como a velhice do ano, é como um sofrer junto como tempo, o estio aqui do semi-árido por agora mostra bem os seus dentes cinzas e o calor arranca o suor de tudo quanto é bicho portador de poros. Além dessas agruras naturais ainda nos chegam algumas inesperadas do cotidiano pra fazer o coração da gente palpitar descompassado.

Neste feriado da República Brasileira, não viajei e até pela manhã abri a loja das redes até umas onze horas. Minha mulher disse que ia preparar uma lazanha pro almoço e eu ao sair da loja passei no bar do Antonio, torcedor inveterado do Ceará e como sempre faço aos sábados, encontro por lá alguns conhecidos e tomo umas duas doses de ipioca empalhada com limão pra despertar o apetite. Isso é o que me alegra um poco num dia como esse de hoje.

Ontem aconteceu na cidade vizinha de Limoeiro do Norte, um festival de violeiros repentistas com nomes famosos do nordeste como é o caso de Sebastião da Silva, Ivanildo Vila Nova dentre outros. Aprecio o gênero mas, não, eu não quis ir, pois estou sem clima de festa já que uma minha irmã, a mais nova se encontra enferma e está na UTI em Fortaleza há alguns dias, um aneurisma é o culpado disso tudo. O que posso fazer por enquanto é rezar e aguardar sua rercuperação. E aí vem mais coisa não muito boa:

Hoje pela manhã também tomei conhecimento de uma roubo à mão armada que aconteceu ontem aqui na pacata Russas, quando uma funcionária de uma eletrônica onde se pagam contas, levava uma boa quantia em dinheiro para depositar no banco e o ladrão resolveu entrar em ação, conseguiu fugir e ponto.

Essa cidade onde moro é boa, é calma, porém, tem mais de sessenta mil habitantes, se situa no vale do jaguaribe, e como quase todas as outras desse porte, aqui não é um pedaço cercado do céu... questiono e pergunto pra mim mesmo: e agora? não sei como o pequeno comerciante vai pagar o dinheiro roubado! Os comentários que ouvi foi que a quantia roubada passava de quinze mil reais. Fica a interrogação. Cada um com o seu dilema que graças ao bom Deus, desse tipo, não é diário. Quanto ao clima, esse não me incomoda muito, ele somente vem tornar as coisas mais cinzas ainda, vem dar a sua pincelada turva e me fazer aumentar minha fé nos dias chuvosos que aguardo com ansiedade.

Nesse dia em que o Brasil deixou de ser comandado por um rei de Portugal, vai aqui a minha prece ao Rei que suporta as dores do mundo: Senhor tem piedade dos injustiçados, dos enfermos e dos tristes.

Agamenon violeiro
Enviado por Agamenon violeiro em 16/11/2011
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