Nem da Rocinha e o Reinado do Capitalismo
Esse texto é o resultado da reflexão que teve inicio com a prisão do traficante Nem da Rocinha. Tem como objetivo único difundir uma opinião e expressar um sentimento.
O fato isolado da prisão de um traficante de alto nível, por assim dizer, é algo tão distante e tão desassociado da vida de uma cidade pequena do interior do estado de São Paulo, que parece ter ocorrido em um outro país, em um outro planeta. Há uma distância enorme entre o fato e o raio atingido.
Mas acontece que causa reflexão. Afinal, é um só planeta, um fato dentre uma mesma espécie.
Estamos todos aqui, nesse imenso planeta maravilhoso e flutuante.
Inclusive o Nem, da Rocinha, com as suas ações “notáveis”.
Homem inteligente, garoto esperto. O dono da palavra. Muito talento em um único homem.
Porém, tanto talento voltado única e exclusivamente para fazer o mal. Empenhado única e exclusivamente para ter destaque na sociedade paralela.
Porque é exatamente isso que é a sociedade esquecida nas favelas, nos morros, nas vilas: uma sociedade paralela que nem sempre possui o direito à escolha. E essa não oportunidade de escolha resulta em uma busca intensa por possibilidades; alternativas bizarras para TER de forma alternativa o que se teria se tivesse, ou o que se buscaria se tivesse o direito de escolha.
O Nem da Rocinha, ou seja lá qual vai ser o próximo nome a dominar o mal, gostaria de ser um homem rico e poderoso como muitos outros em muitas outras áreas de atuação, para quem o que realmente importa é manifestar poder. Ter e manifestar o poder que se tem.
Comprar, comprar, comprar, comprar, comprar. Comprar. Era o que Nem da Rocinha queria com os instrumentos que lhe coube.
De que o cidadão realmente se beneficia com seu corre-corre, ou com as questões paradoxais do dia a dia, nas ações irrefletidas que a sociedade apóia, incentiva e funda as suas operações, as suas campanhas?
É claro que o ser humano, muito capaz, super capaz, não haveria de estar parado no tempo; mas certamente descobriria recursos mais aprimorados. Ar condicionado. Uf! Todos queremos! Carro, lindo! Designer encantador! As roupas, a tv, a internet, o MP 3, 4, 5, 6, o Ipad, o Tablet. Infinitos recursos.
Objetos que nos alienaram; que nos fazem correr e insistir em obtê-los. Simplesmente obtê-los para nos tornarmos mais alienados ainda. Mas queremos ter!
Sacrificamos a nossa saúde, sacrificamos o nosso pensamento, a nossa opinião, sacrificamos quem somos, sacrificamos a nossa família, sacrificamos a nossa crença, a nossa religião, sacrificamos para termos meios de adquirir.
O Nem da Rocinha e todo o mal que ele fez é fruto do desejo de ter. As ações feitas, as ações subjetivas objetivavam ter, ter e ter.
O momento é oportuno para que haja uma reflexão sobre pra onde vamos com tantos recursos indispensáveis.
É uma sociedade equivocada, é uma sociedade sem sentido, esvaziada de valores.