Era ano novo e a maré estava...
Era ano novo e a maré estava subindo!
É impossível passar um ano novo em Balneário Camboriú sem escrever uma crônica. Na beira da praia com grande espaço que foi ficando pequeno. A multidão crescia e a água subia. O som gostoso das ondas que logo começaram a molhar meus tênis, que era complementado pela melodia dos: Feliz ano novo, que seus sonho se realizem, muita saúde, alguém viu o meu filho, vem cá junto de nós, hei você que está sozinho pega uma cerveja aqui, que friozinho gostoso, que gelada, era alguém que fazia chuva de champanhe, me empreste o celular tenho que dar feliz ano novo para meu filho em Curitiba – todos faziam fantasiais. E a água estava subindo. Resolvi tirar o tênis que já estava molhado. Oh moço você está só? Sim respondi, ela com uma voz angustiada, disse eu também, diante de meu sim, e, abraçou-me fortemente dizendo feliz ano novo e logo se mostrou mais feliz com minha réplica. Mal sabia ela que, muito mais que um ano novo, eu estava comemorando minha independência social. Pensei em falar para ela, mas não achei que seria a hora, pois também estava analisando o comportamento das pessoas e não queria influenciar. E a maré estava subindo. Com o espetáculo dos fogos ninguém mais se importava que seu vestido branco estava todo molhado. A maioria suspirava diante do espetáculo: Viva Camboriú! É muito mais lindo que o Rio de Janeiro, Porto Alegre e Bahia, ouvia-se dos espíritos mais animados. E a maré continuava a subir porque tinha lua cheia. Seus raios nos davam o espetáculo dos reflexos na água. Junto com os reflexos também tive uns minutos de reflexões, afinal sou humano. Cadê meus filhos? ex-mulheres, pais, que sempre passam comigo? São todos que estão aqui, estes são meus filhos e irmãos – tornar-se independente socialmente é isto – muito bom, mas tem seu preço e, saber abrir espaço para que teus filhos também passem o fim de ano com as mães, avós e até amigos. As vezes sempre; é caro – o que é gostoso é custoso – é uma pena que é leve para quem não tem a alma pesada. E a maré estava alta. Não se pode querer a lua cheia e a maré baixa. A vida é assim - ou um ou outro.