AS APARÊNCIAS ENGANAM
Quando avistei aquele predio em minha última viagem, fiquei imaginando porque um arquiteto desenha um edifício assim.
Num primeiro olhar, parece que ele está desabando, e no entanto é sólido e praticante novo.
Visto de pertinho é bem interessante e chega a ser bonito.
Enquanto o olhava, fiquei a pensar que ele pode ser comparado a algumas pessoas que, em sua aparência exterior estão com ar de acabada, quer pela ação do tempo ou por alguma doença grave.
Porém, na essência estão inteiras, belas e são portadoras de um conteúdo pra lá de interessante.
Conheci de perto um homem assim, tetraplégico e cego devido a uma doença degenerativa, vivia de cidade em cidade, fazendo palestras, que encantavam a todos os que o ouviam.
Ele enaltecia o bom ânimo, o bom humor, a caridade ao semelhante, a fé em si mesmo e em Deus. Tinha como proposta que as pessoas saissem de si mesma, de seu mundo pessoal, e fossem em busca das necessidades alheias.
Seu nome: Jerônimo Mendonça. Também chamado de "Gigante Deitado", partiu da terra em 1989, mas mostrou a todos que um corpo profundamente doente, pode assim mesmo, ser útil ao próximo, quando a essência que o anima é boa.
Quando enxerguei aquele edifício, lembrei-me dele, assim como o predio, seu corpo parecia que ia desabar a qualquer momento. Mas semelhante a construção, por dentro tudo estava perfeito, funcionando de maneira harmoniosa.
Pois é, as aparências enganam.
(foto do edifício, a que me refiro no texto)