Casa inacabada
Estava parada na frente da construção iniciada. O terreno era pequeno e ficava na frente de uma tapera. Havia apenas o esqueleto de madeira, a parte da frente com a porta pequena ainda não encaixada e a janela.
A lateral estava iniciada. Perguntei-lhe se gastaria mais tempo na construção. Só agora pude perceber que se tratava de uma velha de cabelos desgrenhados e sem dentes.
Havia alguns pertences espalhados pela rua. Começava a chover na orla. O cheiro molhado das dunas penetrava como os passos afundam na areia branca.
Compreendi que aquela mulher não alcançaria seu objetivo de construir a pequena moradia nem agora, nem depois.
Estava desconsolada.
— Não vou construir mais, moço.
Faltava-lhe a força humana da juventude para terminar a construção. Tive vontade de ajudar aquela alma.
Quase sempre essas coisas ficam invisíveis irmanadas na desgraça e inutilizadas em conjunto.
Olhei para ela como para dentro de um computador instalado em mim mesmo.