Casa inacabada

Estava parada na frente da construção iniciada. O terreno era pequeno e ficava na frente de uma tapera. Havia apenas o esqueleto de madeira, a parte da frente com a porta pequena ainda não encaixada e a janela.

A lateral estava iniciada. Perguntei-lhe se gastaria mais tempo na construção. Só agora pude perceber que se tratava de uma velha de cabelos desgrenhados e sem dentes.

Havia alguns pertences espalhados pela rua. Começava a chover na orla. O cheiro molhado das dunas penetrava como os passos afundam na areia branca.

Compreendi que aquela mulher não alcançaria seu objetivo de construir a pequena moradia nem agora, nem depois.

Estava desconsolada.

— Não vou construir mais, moço.

Faltava-lhe a força humana da juventude para terminar a construção. Tive vontade de ajudar aquela alma.

Quase sempre essas coisas ficam invisíveis irmanadas na desgraça e inutilizadas em conjunto.

Olhei para ela como para dentro de um computador instalado em mim mesmo.

Tércio Ricardo Kneip
Enviado por Tércio Ricardo Kneip em 13/11/2011
Reeditado em 22/06/2020
Código do texto: T3333972
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