ADOÇÃO
Alguns anos atrás participei de um trabalho voluntário em um orfanato. Voltava de lá com meu coração apertado diante da carência afetiva de todas aquelas crianças, que só desejavam ter um lar.
Em datas como Páscoa e Natal, trazia algumas delas pra minha casa, fazia parte do programa de trabalho.
Me lembro que em um natal, vieram quatro irmãos, dois meninos e duas meninas. O pai deles estava preso, por trafico de drogas e assassinato. E a mãe havia morrido de aids.
Ficaram conosco por uma semana. Estavam com a cabeça tomada por piolhos. O orfanato, não tinha funcionários nem verba, para cuidar de todas as crianças, como gostariam e deveriam.
Por isso, aceitavam ajuda de grupos de voluntários.
Os quatro irmãos, adoraram os mimos, e os presentes colocados debaixo da árvore de natal.
Os levamos até nossa casa da praia para que conhecessem o mar, e eles se encantaram, com o movimento das ondas.
Só que após uma semana, voltaram, para o orfanato.
Pior que o orfanato, era ver crianças, usando drogas, nas ruas de São Paulo. Nessa época, participava de um grupo, cujo trabalho era a noite, e consistia em levar refeições aos moradores de rua.
Vi cenas que nunca mais vou esquecer, nesse trabalho.
Crianças maltrapilhas, famintas, cheirando cola, sentadas no chão, sem ter para onde voltar.
A rua era a casa delas, e o vício o único lenitivo, para esquecer da triste realidade.
Em meu atual trabalho, no hospital que cuida de crianças com câncer, vejo-as lutando e sofrendo para vencer a doença. Meu coração se aperta, em cada quarto que entro.
Porém, elas, estão sempre acompanhadas de suas respectivas mães, que velam, cuidam e dão carinho, cada qual a sua maneira.
Todas são muito carentes de recursos materiais, mas, tem uma família, e isso é o quanto precisam.
Traço um paralelo, e reconheço que nada é mais triste e doloroso para uma criança que a orfandade.
Viver sem ter um lar, sem referências, sendo mais uma, em um orfanato, ou pelas ruas, sem ter quem as ame, é das mais duras provas que um ser humano, pode experimentar, aqui na terra.
Tenho visto muitas campanhas veiculando a adoção de animais, ao invés da compra de um filhote.
Acho a atitude pra lá de importante e louvável.
Tenho aqui em casa, o Marley, um vira lata, que foi retirado das ruas, achado debaixo de uma ponte, quando tinha menos de dois meses. E sinto o quanto ele é reconhecido, por todo amor e cuidado que recebe.
Porém, não vejo o mesmo empenho, no que diz respeito a adoção de crianças.
Se sugerimos a um casal conhecido, que não tem filhos que adote um, ao invéns de ficar gastando uma pequena fortuna em processos de inseminação, muitas vezes sem sucesso. Somos taxados de inoportunos, e até de desumanos, pois afinal é o sonho deles.
Na realidade, se cachorros necessitam de uma casa e cuidados, imagine um criança, como precisa de um lar e de amor.
Sei muito bem que cada um possui o livre arbítrio, e faz de seus atos o que achar melhor.
Mas que vale uma reflexão nesse sentido, ah isso vale.
(Foto do Marley)
Alguns anos atrás participei de um trabalho voluntário em um orfanato. Voltava de lá com meu coração apertado diante da carência afetiva de todas aquelas crianças, que só desejavam ter um lar.
Em datas como Páscoa e Natal, trazia algumas delas pra minha casa, fazia parte do programa de trabalho.
Me lembro que em um natal, vieram quatro irmãos, dois meninos e duas meninas. O pai deles estava preso, por trafico de drogas e assassinato. E a mãe havia morrido de aids.
Ficaram conosco por uma semana. Estavam com a cabeça tomada por piolhos. O orfanato, não tinha funcionários nem verba, para cuidar de todas as crianças, como gostariam e deveriam.
Por isso, aceitavam ajuda de grupos de voluntários.
Os quatro irmãos, adoraram os mimos, e os presentes colocados debaixo da árvore de natal.
Os levamos até nossa casa da praia para que conhecessem o mar, e eles se encantaram, com o movimento das ondas.
Só que após uma semana, voltaram, para o orfanato.
Pior que o orfanato, era ver crianças, usando drogas, nas ruas de São Paulo. Nessa época, participava de um grupo, cujo trabalho era a noite, e consistia em levar refeições aos moradores de rua.
Vi cenas que nunca mais vou esquecer, nesse trabalho.
Crianças maltrapilhas, famintas, cheirando cola, sentadas no chão, sem ter para onde voltar.
A rua era a casa delas, e o vício o único lenitivo, para esquecer da triste realidade.
Em meu atual trabalho, no hospital que cuida de crianças com câncer, vejo-as lutando e sofrendo para vencer a doença. Meu coração se aperta, em cada quarto que entro.
Porém, elas, estão sempre acompanhadas de suas respectivas mães, que velam, cuidam e dão carinho, cada qual a sua maneira.
Todas são muito carentes de recursos materiais, mas, tem uma família, e isso é o quanto precisam.
Traço um paralelo, e reconheço que nada é mais triste e doloroso para uma criança que a orfandade.
Viver sem ter um lar, sem referências, sendo mais uma, em um orfanato, ou pelas ruas, sem ter quem as ame, é das mais duras provas que um ser humano, pode experimentar, aqui na terra.
Tenho visto muitas campanhas veiculando a adoção de animais, ao invés da compra de um filhote.
Acho a atitude pra lá de importante e louvável.
Tenho aqui em casa, o Marley, um vira lata, que foi retirado das ruas, achado debaixo de uma ponte, quando tinha menos de dois meses. E sinto o quanto ele é reconhecido, por todo amor e cuidado que recebe.
Porém, não vejo o mesmo empenho, no que diz respeito a adoção de crianças.
Se sugerimos a um casal conhecido, que não tem filhos que adote um, ao invéns de ficar gastando uma pequena fortuna em processos de inseminação, muitas vezes sem sucesso. Somos taxados de inoportunos, e até de desumanos, pois afinal é o sonho deles.
Na realidade, se cachorros necessitam de uma casa e cuidados, imagine um criança, como precisa de um lar e de amor.
Sei muito bem que cada um possui o livre arbítrio, e faz de seus atos o que achar melhor.
Mas que vale uma reflexão nesse sentido, ah isso vale.
(Foto do Marley)