Mais ajuda quem não se intromete
A conversar com um ancião de experiência pequena tanto quanto seus noventa e dois anos de carnavais sobre a criação do universo, ele dizia que Deus criou os anjos com muito capricho e carinho. Segundo ele, o Criador tinha nas mãos um molho de coentro onde embebia nas águas do paraíso e sacodia vagarosamente sobre o universo. Eram poucos pingos caídos e cada pingo representava um anjo que era recebido para sua adoração. No dia seguinte, Deus repetia a mesma cena, chaqualhava com cuidado o galhinho de coentro e acolhia seus anjos com muito amor.
Certa vez, Deus deixou água na bacia celestial para continuar no outro dia. Um dos anjos, não tanto do bem e na ausência do Todo-Poderoso, movido pela inveja e puxassaquismo, pegou o molho, afogou nas águas da criação, suspendeu bem alto e deu fortes e seguidas sacudidas respingando milhares e milhares de anjos até os confins do universo. O anjo abelhudo tinha certeza de que seria agraciado pela sua brilhante iniciativa.
Quando Deus voltou, foi ter logo com Ele: "Senhor...! Para ajudá-lo, dei um jeito de fazer muitos anjos de uma vez só. Sacodi toda a água da bacia e aí está um exército de anjos para servi-lo.
"Anjo maldito", bradou o Senhor, como ousas interferir na minha criação?! E escorraçou, "Retira-te daqui, tu e todo o teu exército".
Moral da estória, disse o velho, não ofereça ajuda se não for solicitado.