OCASO
Uma sexta-feira. Não, não... não era; era uma Sexta-feira Santa lá em Santana dos Costas, um lindo povoado do Maranhão, banhado por um rio de águas cristalinas, o rio "Magu".
Tomado pelo silêncio "santo" que ali pairava, parava eu também a contemplar o céu azul que descambava com suas nuvens de neve e algodão por entre o sol dourado no horizonte.
Nesse paraiso, tão grande quanto a minha vontade de escrever, era expressar minha vontade. Então... a caminhar pelo quintal, pensei: era uma vez.... não deu. Um lindo dia... já foi. Os raios que adentravam pelas folhagens... copioso. Numa tarde tão linda... também. O sol. Ah... o sol! O adeus ao acaso!
O caso é que, era uma vez, um lindo dia, estava eu naquela tarde ao acaso, lá pelas bandas do “Magu”. Os raios rasgavam as palhas lá no alto de um buritizal!
Meu lindo Magu! Como tenho saudades! Buritis nos buritizeiros do buritizal. Uma riqueza sem valor, mas saciedade pra toda aquela gente forte e saudável.
Já tarde da tarde, continuava eu a contemplar os buritizeiros enormes! E a lua...?! Apenas a penumbra da lua se mostrava, enquanto o sol se findava! Fitei o olhar! Os feiosos urubus a disputar um lugar no imenso dendezeiro enorme e carregado. Faziam a festa!
Tantos urubus e tantos dendês! Também brigavam. De repente... uma vontade! Vou-me embora pra Fortaleza; lembrou-me o poeta. Virei-me.
Não tão de repente por entre os buritizeiros, o ocaso! Já não eram só os buritizeiros; eram as juçareiras, as bananeiras, as laranjeiras, as mangueiras, as goiabeiras, as palmeiras... e tantas outras "eiras". Os urubus opacos e foscos, vestidos de sol, brilhavam. Agora, eram lindos urubus!
E o ocaso resplandecia toda a sua beleza finita. Últimos raios...! Últimas palavras...! Num choro agonizante dizia... “Adeus...! Adeus...!” E eu respondia... “Até mais...! Até mais...!”