Sons da Catedral
O concerto realizado na Catedral Metropolitana de Aracaju, no dia 10 de novembro de 2011, contou com a apresentação da Orquestra Sinfônica de Sergipe e fez parte da série SONS DA CATEDRAL – IV.
Vale notar a presença de apreciadores que lotaram o recinto sagrado. Daniel Nery, o regente; Kimberly Fredenburgh(viola); e Kevin Vigneau (oboé). As peças apresentadas foram de Jean Sibelius; Raph Vaughan Williams; Béla Bartok; e Tchaikovsky.
Entre outros títulos, o jovem Daniel Nery, regente assistente da Orquestra Sinfônica de Sergipe, é Bacharel em Composição e Regência pela UNESP e Mestre em música pela mesma instituição. Discípulo do maestro Roberto Tibiriçá. Os dois são autores do livro O regente sem orquestra. Nery ostenta a premiação no I Concurso Carlos Gomes para Jovens Regentes.
Sentada na primeira fila de bancos da Catedral, tive a inesquecível oportunidade de ver um maestro regendo assim tão de pertinho e pude perscrutar-lhe o gestual, as emoções. Daniel é o tipo de pessoa que parece estar na casa dos vinte anos, mas claro que tem mais um pouco _ digamos assim. Magrinho em seu terno acinzentado, estatura média e sorriso encantador.
Na verdade, durante toda a apresentação, poucas vezes pude olhar para os componentes da orquestra, pois a figura de Daniel Nery tomava toda a catedral. As imagens dos santos pareciam também eclipsadas pelo desempenho daquele moço. Pensei e vi tantas coisas durante a extasiante exibição das peças que davam a impressão de transbordar das finas mãos de Nery. De sua fisionomia totalmente musical, de seu domínio sobre as notas, as harmonias e tudo o mais daquilo que ele entende. Momentos houve em que imaginei o voo daquele maestro pelas altas paredes, pelos altares e recantos da Catedral Metropolitana de Aracaju.
Assim como os exímios pilotos da aviação, o maestro decolou, voou em céus de brigadeiro e aterrissou mais que dignamente sua aeronave feita de música e enlevo. Como foi gratificante e sumamente belo ver aquele ser angelical conduzindo pelos céus da música a sua aeronave. E enfrentou galhardamente as fortes turbulências daquelas peças que contam histórias de sofrimentos.
Todo o concerto foi uma obra de arte com a participação daqueles músicos seguindo as orientações do comandante e, assim como eu, fascinados pela sua magia e competência. Talvez eu até exagere, mas deste exagero retórico eu mesma me perdoo, pois tive a certeza de que não é uma orquestra que produz a música, mas principalmente o maestro.